JOVENS HISTORIADORES

   

Os descobrimentos

 

Introdução


No século XV verificaram-se um conjunto de condições novas que permitiram à Europa sair da crise em que se encontrava.

O lugar de vanguarda que Portugal ocupou na Expansão Marítima compreende-se quer pela sua situação geográfica, quer pela sua situação mercantil e náutica que manteve ao longo dos tempos.

No inicio do século XV existiram condições que levaram a que Portugal se lançasse na epopeia dos descobrimentos, nomeadamente o facto de ser um Estado independente, que desejava defender de modo seguro a costa algarvia, contra as incursões abusivas de mercadores italianos, e sobretudo da pirataria mourisca, e o facto de se encontrar em paz com Castela.

Portugal sentia a crise económica europeia que se vivia na altura, pois muitos países da Europa ou estavam em guerra, ou tinha acabado de sair devastados de grandes conflitos.

Todas as classes sociais consideravam a expansão para o exterior como a única possibilidade de sair da crise; a burguesia porque iria poder expandir o comércio; a nobreza e o clero viam nas conquistas africanas um meio para obter terras e assim superar a crise com que se deparavam na agricultura, e o espirito de expansão da fé cristã.

Outro factor impulsionador , foi o facto de Portugal ter já uma grande experiência na Construção Naval, e gente habituada às artes de marear.

Todos estes factores anteriormente descritos, e o gosto pela aventura, levaram a que as Portugueses se lançassem em novas descobertas ...





“ As armas e os barões assinalados,

Que da ocidental praia Lusitana,

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana;

Em perigos, e guerras esforçados

Mais do que permitia a força humana,

Entre gente remota edificaram

Novo reino, que tanto sublimaram”


Luís de Camões, Lusíadas







1 Início da expansão


1.1 A origem das descobertas



A palavra descobrimentos deriva da palavra descobrir, do latim “discooperire” e foi utilizada para definir as deslocações, viagens ,explorações de diversos povos. O comércio, a guerra e a curiosidade foram os motivos principais da expansão.

Os mais antigos testemunhos da vontade deste domínio, datam de 2500 a.C., quando os egípcios descendo o mar vermelho e atingiram a costa da Somália.

Muitos povos também começaram a descobrir novas terras, mas o termo ”descobrimentos” aplica-se ao conjunto de viagens feitas pelos Portugueses na época moderna. Auxiliados pelos instrumentos de navegação, tais como o astrolábio, o quadrante a bússola, e como possuíam conhecimentos dos ventos, marés e das correntes, lançaram-se na descoberta de novas terras. Para isso, também contribuíram os cartógrafos Portugueses e estrangeiros que se foram radicando em Portugal.

Os descobrimentos foram motivados por vários tipos de factores: a procura de novos produtos para comercializar, um forte desejo de querer conhecer o mundo, e vontade de propagar a fé cristã.





A expansão originou-se no reinado de D. João I com a conquista da cidade de Ceuta em 1415. Os Portugueses queriam conquistar esta cidade porque era o centro de comércio do Atlântico. Era por aqui que passavam as principais rotas do comércio muçulmano. Depois da conquista da Cidade os muçulmanos desviaram as rotas, pelo que a cidade perdeu a sua importância estratégica. Assim, os Portugueses decidiram expandir-se para sul na costa africana.

No que diz respeito a Ceuta, as opiniões dividiam-se : a burguesia manifestava-se a favor da manutenção da cidade, a nobreza tinha a causa por ruinosa e mostrava claramente a sua intenção de preferir a conquista de territórios no interior africano onde fizesse valer o seu talento guerreiro e pudesse adquirir propriedades que ambicionava além de altos cargos de chefia.



1.2 Os reis da época dos descobrimentos

D. João I



Filho bastardo de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, dama galega, nasceu em 1357, em Lisboa, onde faleceu em 1433. Décimo rei de Portugal (1385-1433), foi o fundador da dinastia de Avis ou Joanina, sendo conhecido pelo cognome "de Boa Memória".

Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, na sequência do Tratado de Windsor, celebrado com a Inglaterra. Desta união nascerá a: D. Duarte, Infante D. Pedro, Infante D. Henrique, D. Isabel e Infante D. Fernando, o Infante Santo.

D. João I, que subiu ao trono com o grande apoio que teve das massas populares e da burguesia, quando as lutas com Castela estabilizaram, começou uma política centralizadora do poder, reduzindo a influência do clero e da nobreza, apropriando-se dos bens dos que eram apoiantes de Castela, espaçando a reunião das Cortes, e procurando reaver algumas das terras doadas.

É no reinado de D. João I que têm início as conquistas no Norte de África e que começa a época dos Descobrimentos, pela acção do Infante D. Henrique. Assim, em 1415 dá-se a expedição a Ceuta, que é conquistada em 21 de Agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita daquela praça- forte, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.

Após o regresso de Ceuta, o infante D. Henrique vai dar início à epopeia dos Descobrimentos. No reinado de D. João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos Açores e da Madeira.

D. João I era um rei culto, dada a sua formação na Ordem de Avis, e, por isso, mandou redigir a Crónica Breve do Arquivo Nacional, mandou traduzir o Novo Testamento e vidas de santos, e escreveu o Livro da Montaria.

Em 1412 associou ao governo do reino o seu filho D. Duarte, que lhe sucederia. D. João I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha.






D. João II


Filho de D. Afonso V e de D. Isabel, nasceu em Lisboa em 1455 e faleceu, no Alvor, em 1495. Décimo terceiro rei de Portugal (1481-1495), é conhecido pelo cognome de "Príncipe Perfeito". Casou com sua prima, D. Leonor.

Ainda em vida do pai, D. Afonso V, participou, em 1471, na conquista de Arzila, onde foi armado cavaleiro. Foi D. João quem governou de facto no que se refere às descobertas, de que já se ocupava desde 1474, domínio em que lutou contra a ingerência castelhana, defendendo a exclusividade da navegação na costa africana - política do mare clausum -, tendo celebrado com Castela, em 1480, o Tratado de Toledo, em que dividia o Atlântico pelo paralelo das Canárias. Em 1481, com a morte de D. Afonso V, é aclamado rei de Portugal.
Quanto à expansão ultramarina, D. João já se encarregava das descobertas no tempo de seu pai, desde 1474. No seu reinado vai ficar explorada toda a costa ocidental africana, empreendimento em que sobressaem Diogo Cão e Bartolomeu Dias, que vai dobrar o Cabo das Tormentas, depois chamado da Boa Esperança. Ao mesmo tempo, D. João trata do povoamento de algumas ilhas no Golfo da

Guiné (S. Tomé, Ano Bom, Fernão do Pó) e manda edificar o Castelo de S. Jorge da Mina, para apoiar o tráfico da Guiné.

O monarca começou a preparar a grande viagem até à Índia, tentando obter o máximo de informações sobre essas paragens. Para isso, mandou vários emissários por terra, entre os quais sobressaem Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, que vão por terra pelo Cairo, Adém, Ormuz, Sofala e Abissínia, a terra do lendário Preste João, donde enviam relatórios sobre essas paragens, ficando D. João II com a certeza de poder atingir a Índia por mar. Entretanto dá-se a morte do herdeiro da coroa, D. Afonso, o que abate o rei, e Cristóvão Colombo faz a descoberta da América, pensando ter atingido a Índia. D. João II vai reivindicar a posse dessas terras, nos termos do Tratado de 1480. Seguem-se negociações, com intervenção do Papa, que acabam com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494, em que se determina que a linha de meridiano 370 léguas a oeste da Ilha de Santiago, Cabo Verde, dividia a Terra nas duas zonas de influência de Portugal e Espanha. Como esta linha faz com que o Brasil fique na zona portuguesa, tal facto tem levado a supor que D. João II já sabia da existência das terras do Brasil. Este Tratado oficializa a doutrina do mare clausum e vai permitir o avanço para a Índia sem a concorrência da Espanha, objectivo que D. João II já não pôde alcançar.

O reinado de D. João II, quanto a política externa, caracteriza-se pela preocupação em criar boas relações com vários reinos, como Castela, França, Inglaterra e Roma, para que a política ultramarina não fosse posta em causa. É de destacar ainda a embaixada enviada a Roma em 1485.

Os últimos anos de D. João II são afectados pelo problema da sucessão ao trono. O único filho legítimo era o infante D. Afonso, que veio a falecer, num acidente, em 1491. O rei tinha um filho bastardo, D. Jorge, que D. João II tentou que fosse o herdeiro, mas a rainha D. Leonor opunha-se, indicando o nome de D. Manuel, duque de Beja, seu irmão. Entretanto, o rei adoece e finalmente acede, em testamento, a nomear D. Manuel como herdeiro, vindo a falecer pouco depois, em 1495. Jaz no Mosteiro da Batalha.






D. Manuel I


Filho do infante D. Fernando, irmão de D. Afonso V, e de D. Brites, nasceu em Alcochete em 1469 e faleceu em Lisboa em 1521. Décimo quarto rei de Portugal (1495-1521), é conhecido pelo cognome de "o Venturoso".

No que respeita à política ultramarina, quando sobe ao trono, em 1495, tinha-se dobrado já o Cabo da Boa Esperança e preparava-se a viagem marítima que levaria os portugueses até à Índia. D. Manuel deu continuidade a esses preparativos e em 5 de Julho de 1497 partia de Lisboa uma armada chefiada por Vasco da Gama, que atingiu Calecut em 20 de Maio de 1498. Estava consumada a descoberta do caminho marítimo para a Índia. Em 1500 manda D. Manuel uma outra armada à Índia, comandada por Pedro Álvares Cabral, que, desviando a rota mais para sudoeste, acaba por atingir as costas da Terra de Vera Cruz. Estava descoberto o Brasil, que se encontrava ainda nos nossos limites do Tratado de Tordesilhas, o que leva a supor que D. João II já tinha conhecimento destas terras aquando da assinatura do Tratado.

D. Manuel decide enviar todos os anos uma armada à Índia, não só para consolidar o domínio português no Oriente como para ajudar na luta contra os inimigos dos portugueses naquelas paragens. Para poder impor a nossa presença, D. Francisco de Almeida foi para a Índia como vice-rei, tentando manter o monopólio da navegação e do comércio português na área, com certos apoios em terra, sendo Cochim o respectivo centro. Sucede-lhe Afonso de Albuquerque, que conquistou Goa, transformada então em capital do Estado da Índia, e manda proceder à exploração de outras terras daquelas paragens, chegando a Timor.

No reinado de D. Manuel fizeram-se também viagens para ocidente, tendo-se atingido a Gronelândia e Labrador. No Norte de África prosseguiram algumas conquistas, como Safim e Azamor.

Nas relações com os outros países, o rei tentou usar da maior habilidade e diplomacia, procurando manter-se neutral e não se envolvendo nas lutas do seu tempo. Ficou célebre, pelo seu fausto, uma comitiva que enviou ao papa Leão X em 1513.

A nível cultural, D. Manuel procedeu à reforma dos Estudos Gerais, criando novos planos de estudo e bolsas de estudo. É nesta época que surge o estilo manuelino, com motivos inspirados no mar e nas grandes viagens, em monumentos como o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém.

D. Manuel vem a falecer em 1521, estando sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.








1.1 A Caravela e a Nau

A Caravela


Nome de um tipo de embarcação cujas características variaram ao longo dos tempos e que foi amplamente utilizada, em Portugal, entre os séculos XIII e XVII.

Inicialmente de pequeno porte, destinava-se à pesca, sendo utilizada em todo o litoral português. Passou depois a ser utilizada para o transporte marítimo, tanto no Atlântico, ao longo da Europa, como no Mediterrâneo. A partir do século XV, as caravelas foram destinadas às viagens de descobrimento feitas ao longo da costa africana e no Atlântico.

As características da caravela (pequeno porte, vela triangular e pano latino, entre outras) garantiam-lhes uma velocidade elevada e uma boa navegação contra o vento. As caravelas foram sendo adaptadas de forma a melhorar o seu desempenho, tendo em conta as características dos mares que iam sendo navegados. Uma dessas alterações foi o acrescento de um mastro que armava pano redondo, pelo que essa veio a ser designada por caravela redonda.

A caravela foi, durante muito tempo, considerada o melhor navio da época. Nela foi praticada pela primeira vez a navegação astronómica e foram estudados os regimes de ventos do Atlântico Norte e Sul e a geografia da costa africana. Como barco de guerra, foi o primeiro a receber artilharia pesada, no reinado de D. João.



A Nau







Barco de grande porte e longo curso, de vela de um, dois, ou três mastros, envergando pano redondo no mastro grande e no da proa e, às vezes, latino no da ré, quando tinha os três mastros. A nau substituiu a caravela nas viagens de exploração e reconhecimento do Atlântico, após a dobragem do cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias, em 1488.

Correspondia às características requeridas pelas viagens ao Índico: percursos longos e inseguros, exigindo barcos de maior porte pela sua capacidade de carga, permitindo maiores lucros e uma resistência mais eficaz às intempéries.

As primeiras naus portuguesas identificadas datam de 1295, crendo-se que a sua denominação remonta ao reinado de D. Dinis. Foi D. Fernando quem pela primeira vez utilizou esta embarcação, destinada ao transporte de mercadorias, na marinha de guerra e, aquando da conquista de Ceuta (1415), estava já equipada com peças de artilharia. As naus foram utilizadas, e não só pelos portugueses, em muitas viagens de descobrimento, sofreram sucessivos aperfeiçoamentos, crescendo em dimensão e existiram até ao século XIX, sendo a última classificada a Vasco da Gama (1841-1873).

As naus foram um dos elementos essenciais no processo de expansão .







2 A Importância do Infante D.Henrique nos descobrimentos

 



O português mais importante que influenciou os descobrimentos portugueses foi infante D. Henrique “o Navegador”.

O infante D. Henrique foi nomeado governador da Ordem de Cristo (1457), participou na expedição a Tânger (1437) e na conquista de Alcácer Ceguer (1457).

Apelidado também de «infante de Sagres», nasceu no Porto, filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre. Com a confiança do rei, seu pai, organizou a frota, entretanto concentrada no Porto, para a expedição a Ceuta. Após a conquista desta cidade (1415), foi armado cavaleiro por seu pai, tornando-se duque de Viseu e senhor da Covilhã. Em 1416, foi designado para administrador da Ordem de Cristo, na qual fez investidura em 1420, o que lhe permitiu ter à sua disposição os meios financeiros para executar os seus planos de expansão marítima.

A necessidade de defender a costa meridional do país desencadeou o processo de exploração dos mares, levando à descoberta de Porto Santo (1419), Madeira (1420) e do grupo oriental dos Açores (1427). Preocupado com o rigor nas artes de marear e o relato das experiências, mandou vir os maiores peritos da época — mestres de cartografia como Jafuda ou Jácome de Maiorca — que terá acolhido na Escola de Sagres. A sua empresa foi bem sucedida e cada vez mais progressos náuticos permitiram a realização da sua vontade que se crê então motivada por razões religiosas (espírito de cruzada), políticas e económicas.

Simultaneamente, dedicou-se a reformas do ensino na Universidade de Lisboa, introduzindo disciplinas como a matemática e a astronomia, chegou a participar na expedição fracassada a Tânger (1437) , onde perdeu a vida o seu irmão D. Fernando, e na conquista de Alcácer Ceguer (1457).

Partidário de D. Pedro na crise de sucessão que culminaria em Alfarrobeira (1449), adoptou uma posição passiva, respeitando a autoridade de D. Afonso V.

Mantendo uma estreita ligação à universidade, os seus interesses fundamentais concentravam-se nas conquistas de além-mar, pelo que fixou residência no Algarve, em Lagos ou em Sagres. Cumulou as funções de organizador das expedições marítimas, mandou colonizar as ilhas da Madeira e dos Açores, e efectivou a manutenção de relações comerciais políticas e missionárias, com o território africano recém - descoberto. Assegurou ainda o governo e a administração da Ordem de Cristo e a defesa dos interesses do reino junto do papa e do rei de
Castela.

De personalidade determinada, e guiado pelo espírito de cruzada, lançou a aventura dos descobrimentos portugueses, que viria a alargar, posteriormente, os horizontes de muitos países, para além de Portugal.






3 Personagens que contribuíram para os descobrimentos



Poderíamos enumerar um grande numero de portugueses e estrangeiros, que se destacaram nos descobrimentos portugueses durante a época quinhentista. Vou contudo descrever os que maior relevo tiveram , e mais contribuíram para a expansão de Portugal.

Gil Eanes escudeiro do infante D. Henrique comandou a primeira viagem portuguesa para além do Cabo Bojador. Segundo o cronista Zurara, depois de 12 anos de tentativas infrutíferas, em 1434 dobrou o cabo numa barca e navegou ao longo da costa ocidental 50 léguas.

Diogo Cão comandou a frotas Portuguesa de reconhecimento da costa ocidental Africana. Explorou a costa desde o cabo de Santa Catarina até à Serra Parda. As suas expedições ficaram assinaladas pelos quatro padrões que mandou erigir em locais que considerou significativos.

Bartolomeu Dias foi um grande navegador português tendo sido o primeiro a dobrar o cabo da Boa Esperança.

Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia.

D. Francisco de Almeida, D. Afonso de Albuquerque foram ambos vice-reis da Índia .

Pedro Álvares Cabral, descobriu o Brasil.

Martim Afonso, Estácio de Sá, São Francisco Xavier, Padre Manuel da Nóbrega, D. Sebastião e Mulei Abde Almélique, foram também homens destacáveis desta época.






4 O reconhecimento das ilhas da Madeira e dos Açores


As ilhas da Madeira foram reconhecidas de imediato em 1419 e os Açores no ano de 1427. Isto é, não se sabe ao certo a data exacta da descoberta dos Açores, mas tudo indica que Santa Maria e São Miguel foram as primeiras ilhas a serem reconhecidas, cerca do ano de 1427, pelo Navegador Diogo Silves.

Alguns anos mais tarde, no dia 15 de Agosto de 1432, Gonçalo Velho Cabral desembarcou na ilha a que chamou Santa Maria. Esta ilha foi a primeira a ser colonizada em 1444, instalando-se no lugar de Povoação, espalhando-se depois pela costa.

A terceira ilha do arquipélago a ser descoberta foi chamada ilha de Jesus Cristo mas mais tarde o seu nome foi trocado por Terceira.

O infante D. Henrique concedeu a sua capitania ao flamengo Jácome de Burges, que cerca de 1450 iniciou o povoamento.

A cidade de Angra, na Terceira tornou-se um ponto de escala dos navegadores portugueses e, depois, uma base de apoio para os navios que percorriam as rotas das Índias e das Américas. Na região, os ventos eram geralmente favoráveis, permitindo que as caravelas e galeões evitassem as zonas das grandes calmarias. Vasco da Gama desembarcou em Angra em 1499, a braços com o surto do escorbuto do seu navio. Aqui morreu o seu irmão Paulo, que foi sepultado no convento dos Franciscanos.

Com o domínio Filipino, às caravelas portuguesas que transportavam as especiarias, juntaram-se os galeões espanhóis carregados de prata e ouro. Isto gerava uma imensa concentração de riqueza, atraindo piratas muçulmanos, ingleses e franceses, que não só atacavam as frotas portuguesas e espanholas, como entravam terra adentro e pilhavam as povoações costeiras. Estes ataques levaram a que desde muito cedo os Açores erguessem as suas defesas, especialmente nas principais cidades como Angra e Ponta Delgada. Para além das fortificações, o governo central passou a patrulhar estas águas grande parte do ano, com diversos navios cuja tripulação totalizava várias centenas de homens.

Não se consegue saber com exactidão a data do descobrimento da Graciosa, esta ilha foi provavelmente descoberta por marinheiros da vizinha Terceira cerca do ano de 1450.Também é desconhecida a data do seu povoamento. Sabemos que foi iniciado por Vasco Gil Sodré, natural de Montemor- o- Velho, que com a família e criados, aportou no Carapacho, onde construiu a sua casa.

A data de descoberta de São Jorge é igualmente uma incógnita, mas sabe-se que esta ilha já era conhecida em 1439 e em 1443 já estava habitada. O seu povoamento foi realizado com a chegada do nobre flamengo Wilhelm van der Haegen, que se instalou no Topo e mais tarde adoptou o nome de Guilherme da Silveira.

Não se sabe a data exacta da descoberta do Pico, o seu povoamento foi iniciando cerca de 1460 com gentes do norte de Portugal, no lugar das Lajes.

O Faial foi descoberto na primeira metade do século XV, o seu povoamento iniciou-se ainda antes de 1460 com os colonos vindos do norte do país, que se instalaram na costa norte, no lugar onde, hoje é a freguesia dos Cedros.

As duas ilhas mais ocidentais do arquipélago, as Flores e o Corvo, foram as últimas ilhas do arquipélago a serem descobertas, cerca do ano de 1452, por Diogo de Teive e seu filho João de Teive. O povoamento das Flores é atribuído a Wilhelm van der Haegen, que se instalou no Vale da Ribeira da Cruz, mudando-se mais tarde para São Jorge.





5 O tratado de Tordesilhas



Cristóvão Colombo era um genovês que, muito novo, se estabeleceu em Portugal. Aqui obteve muitos conhecimentos de navegação, e apresentou-se perante o rei de Portugal D. João II , a quem ofereceu os seus préstimos, para que lhe fosse entregue uma armada para atingir a Índia por mar, rumando do sentido do Ocidente.

Como o Rei não lhe deu uma resposta favorável, apresentou a mesma proposta aos reis católicos de Espanha , Fernando e Isabel . Estes aceitaram a proposta do navegador, e em vez da Índia, Cristóvão Colombo descobriu a América.
Em 1494 o rei D.João II de Portugal, e os reis católicos de Espanha, firmam o Tratado de Tordesilhas que estabelecia a divisão do mundo em dois hemisférios, a partir do meridiano que passava a 370 léguas a ocidente das Ilhas

de Cabo Verde. As terras e os mares descobertos ou a descobrir para oriente dessa linha ficavam a pertencer a Portugal, os que estivessem para ocidente passavam a pertencer a Espanha.





1 O caminho para a Índia


D. João II morre e cabe ao rei D. Manuel, “o venturoso” a fortuna de mandar a expedição que, sob o comando da Vasco da Gama concluiu a descoberta do caminho que leva pelos mares à Índia. Aproveitando todos os conhecimentos náuticos de viagens anteriores, com um regimento bem pormenorizado, a frota composta de três naus (barcos de grande bojo, castelos de popa e proa e com equipamento militar) e um navio de mantimentos, segue a rota do cabo da Boa Esperança.








Após longos meses a fio de viagem, debelando correntes e tormentas, superando ataques dos inimigos na costa Oriental da África e criminosas astúcias engendradas por venezianos e turcos, a expedição de Vasco da Gama chegou finalmente a Calecut, na encosta ocidental do Indostão. Não foi um grande sucesso em termos de objectivos comerciais e de relação com as entidades que surpreendiam a economia oriental. Mas importante, de facto, foi o êxito da viagem.



Estava cumprido o grande sonho do rei D. João II e da burguesia portuguesa.









2 Descoberta do Brasil


A descoberta do Brasil





A armada que zarpa de Lisboa, após o regresso de Vasco da Gama vai sob o comando do almirante Pedro Alvares Cabral com a intenção de fazer valer pelas razões da força as pretensões de Portugal ao tráfego do Oriente. Aconteceu porém, que a expedição fez um desvio para Ocidente e chegou ao território da América do Sul abrangido pelas cláusulas de Tordesilhas a favor de Portugal. Ali deixou Álvares Cabral um padrão de posse, remeteu para Lisboa a notícia do acontecimento e seguiu viagem pela rota do cabo. Assim foi a descoberta oficialmente a terra de Vera Cruz ( a que depois se chama Brasil ), sem qualquer espavento, e do modo mais natural.

É evidente que o achamento da nova terra foi intencional e não seria adversidade dos ventos que conseguiria empurrar para Oeste toda a frota de pilotos experimentados como portugueses de então. O que se conclui é que na verdade, tinha um grande valor e obedecia a uma grande estratégia a política de sigilo ( apesar de tudo, inegável ) do rei D. João II no sentido de avançar com segurança pelos mares fora sem provocar as cobiças de potências estrangeiras.


 

 



3 Estado Mercantil





A descoberta da rota do cabo teve repercussões determinantes na economia mundial e consequentemente, na sociedade, na política, na cultura e na mentalidade da época.

Desenvolveu-se um intenso tráfico de especiarias e metais preciosos que afluíram à Europa em quantidades enormes, o que provocou a inflação e uma verdadeira revolução nos preços. O Capitalismo comercial estabeleceu-se assim como regime económico dominante.

A burguesia assume uma posição destacada do prestigio pelo seu poder financeiro, enquanto a nobreza rural se ressente cada vez mais da carestia de vida.

O Atlântico constitui-se o eixo de economia mundial, enquanto o Mediterrâneo passa a lugar secundário: o comercio internacional roda em volta de Antuérpia que toma a dianteira sobre as repúblicas italianas.

Neste processo de transformação decisiva que se opera na Europa e no Mundo, Portugal assume um papel fundamental.








4 A colonização atlântica


As ilhas atlânticas como por exemplo Cabo Verde e as de S. Tomé e Príncipe, tiveram uma colonização morosa e pouco densa, o que se compreende por causa do clima não ser tão acolhedor e das riquezas não serem tão abundantes.





5 África


5.1 Cabos passados para chegar a África



Cabo Bojador
Cabo da costa ocidental de África que foi dobrado pela primeira vez pelo navegador português Gil Eanes, em 1434. Fica situado a 26o 6' 57'' de latitude Norte e 14o 28' 21'' de longitude Oeste. O cabo marcou durante séculos o limite do explorado, no que respeita ao conhecimento da costa africana pelos europeus.



Cabo das Tormentas




Cabo, também chamado da Boa Esperança, que constitui a ponta sul de África e que marca o encontro dos oceanos Atlântico e Índico. Foi assim denominado pelo português Bartolomeu Dias, o primeiro navegador a dobrá-lo, em 1488. O nome alude às dificuldades que a passagem do promontório apresentava, dificuldades essas que Luís de Camões figurou alegoricamente na personagem de Adamastor.








5.2 As feitorias africanas

Eram muito conhecidas no século XV, as riquezas que abundavam no interior de África, desde o mediterrâneo até ao deserto do Sara, ou seja Sudão. Existiam grandes centros de comércio onde os mercadores árabes faziam chegar o ouro, as especiarias ( sobretudo a malagueta) e os escravos.

Era uma preocupação essencial para os Portugueses conseguir o contacto com os mercadores africanos e participar no comércio que se fazia a partir do Sudão, pelas rotas caravaneiras nas mais diversas direcções. Foi exactamente para isso que montaram as feitorias na costa ocidental da África, ou seja, entrepostos comerciais cuja segurança era garantida por uma fortaleza circundante.



Entre as feitorias portuguesas, foi a Mina a mais notável e proveitosa para o reino. Efectivamente, a sua posição estratégica no golfo da Guiné e o talento comercial dos administradores e negociantes ali mandados pela Coroa para atrair tráfego do interior e fazer transacções, permitiam desviar em favor de Portugal as rotas que, até então subiam para os litorais do Mediterrâneo. A feitoria da Mina cuja função se deve à perspicácia do rei D. João II, desempenhou um papel de máximo relevo no comércio não só para Portugal, como também para a burguesia europeia da região setentrional do Continente que viu chegada a oportunidade de se libertar do exclusivismo das repúblicas mercantis italianas.

As mercadorias que chegavam a Lisboa ,eram vendidas com lucro bastante, especialmente a estrangeiros que faziam bom negócio com a redistribuição de espécies, marfins, metais preciosos e escravos.






6 O império do Oriente



Quando as expedições de Portugal aportaram à Índia, esta era não só um sub – continente asiático povoado por gente hindu autóctone, mas também por uma vasta gama de habitantes provenientes das mais diversas regiões pertencentes a várias raças: mongóis, tibetanos, árabes, turcos e europeus ( venezianos, genoveses e muitos outros ). Assim acontecia não só porque o expansionismo muçulmano se tinha apoderado de grandes territórios no Indostão ( os sultanatos ), mas também porque o comércio das especiarias aí atraiu imensos mercadores estrangeiros.

Os Portugueses chegam ao Oriente e vencidas algumas dificuldades provocadas por quem ( como venezianos e turcos ) os tomava por intrusos perigosos, fixaram feitorias para traficar com os nativos e, depois ocuparem cidades.

A riqueza principal das Índias eram as especiarias, com o privilégio para a pimenta. Tão importante foi, no século XVI, o comércio desta preciosa mercadoria que ele dominou os interesses do tráfego internacional, originando o que habitualmente se denomina por ciclo da pimenta.

A partir de D. João II, a Coroa chamou a si a superintendência económica e financeira da expansão marítima: o aparelho de Estado controlava superiormente o comércio ultramarino. Isto não significa que se tivesse posto fim à iniciativa privada em todas as explorações económicas ( a do açúcar ). De facto, esse esquema de centralização funcionou com rigor apenas no comercio do Oriente. Descoberto que foi o caminho para a Índia e posta a funcionar a máquina comercial que captava as especiarias, todo esse trafego passou a constituir um Monopólio Régio.

Era o rei, por conseguinte, o grande mercador. Os negócios, estavam entregues, por disposição do soberano, aos feitores da Casa da Índia, alfândega central em Lisboa onde se executavam as operações comerciais , cargas e descargas , e todo o despacho. A capital do reino era na primeira metade do século XVI uma cidade de renome universal para onde convergiam as atenções e os dinheiros de ricos mercadores que nela encontravam as possibilidades de negócio que Veneza não permitia devido aos altos preços que praticava.

Seguiam as naus para o Norte da Europa, demandando ao porto de Antuérpia, que era, então uma grande metrópole europeia onde se encontravam as feitorias dos mercadores das mais diversas nacionalidades, e entre elas, com a melhor cotação, a feitoria de Portugal.

A oposição hostil, que no Oriente, os diversos reinos ali estabelecidos e os Turcos moviam contra Portugal, convenceu a Coroa a criar condições militares que permitissem a segurança do comércio das especiarias através de uma ocupação efectiva. Para levar à prática esse projecto foram nomeados vice – reis, ou seja governadores com poderes soberanos para firmar na Índia a autoridade de Portugal. Assim se constituiu o império português do Oriente. Os seus governadores mais importantes foram: D. Francisco de Almeida e D. Afonso de Albuquerque.






6.1 Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque viveu entre 1462-1515. É a figura portuguesa que maior impulso deu à expansão lusitana no Oriente. Nasceu em Alhandra, provavelmente em 1462, no seio de uma família aristocrática, tendo sido educado na corte de D. Afonso V.






Afonso de Albuquerque serviu no norte de África, em Arzila e Larache, e na guarda de D. João II, antes de ser enviado para a Índia por D. Manuel, no ano de 1503, com seu primo Francisco de Albuquerque. O objectivo da coroa com esta viagem era claro , prosseguir a guerra contra o samorim de Calecut, mas, sobretudo, fortalecer relações com o reino de Cochim e estabelecer relações comerciais com o reino de Ceilão. Alcançados estes propósitos, Afonso de Albuquerque regressou a Portugal em 1504, altura em que propôs a D. Manuel um plano imperial de enorme envergadura, nomeadamente a conquista de posições estratégicas no oceano Índico, na costa indiana e no estreito de Malaca, de modo a vedar o transporte das especiarias, aos muçulmanos, no mar Vermelho. D. Manuel e os membros do seu conselho terão acolhido com agrado a ideia, dado que Afonso de Albuquerque regressou em 1506 ao oriente, com o cargo de capitão-mor do mar da Arábia, devendo em 1508 substituir D. Francisco de Almeida no cargo de vice-rei da Índia. Conquistou então os portos de Omã, a cidade de Ormuz e, em 1508, assumiu o governo da Índia, iniciando o plano de domínio do Índico, para alcançar para a coroa portuguesa o monopólio do comércio das especiarias. Em 1510 apoderou-se de Goa, em 1511 de Malaca, onde fundou fortaleza, para finalmente navegar pelo mar Vermelho. D. Afonso de Albuquerque soube consolidar a soberania portuguesa no oriente, através de uma intensa actividade administrativa, política e diplomática, recebendo embaixadas de reis indianos, fomentando o casamento de portugueses com mulheres indígenas e procurando estabelecer a paz com os reinos conquistados.

Em Portugal iniciou-se, porém, na corte de D. Manuel, uma campanha de difamação contra o vice-rei na Índia, que levou à sua substituição no cargo por Lopo Soares de Albergaria. D. Afonso de Albuquerque veio a morrer na barra de Goa, a 16 de Dezembro de 1515, deixando estabelecido no Oriente um verdadeiro império português.






7 As riquezas do Brasil


A terra de Vera Cruz era habitada por gente de hábitos neolíticos.

No litoral, viviam os Tupis, de costumes mais avançados, no interior habitavam os Tapuias mais primitivos. Estes povos praticavam uma economia de subsistência eram, no entanto, bastante permeáveis à civilização dos portugueses

Desde o achamento do Brasil, começou a corrente emigratória que lá se fixou, brancos mercadores e muitos degredados. Foi, porém, depois da introdução da cana sacarina e sua exploração, que acorreram para a América do Sul minhotos, transmontanos, beirões e durienses. Depois os madeirenses, finalmente estrangeiros, por exemplo sevilhanos, flamengos, italianos, franceses, ingleses judeus de várias partes e negros de origem africana, para servirem como escravos.

A fixação dos emigrados para o Brasil por livre iniciativa, por condenação de justiça ou por compra nas costas africanas, acarretou problemas de diversas índole. Um deles era que, aos estrangeiros, se exigia a prática da religião católica. Mas a questão mais importante tinha a haver com a própria situação dos nativos e os seus contactos com a população colonizadora : é que os jesuítas, entretanto chegados a Vera Cruz tentavam afastar os autóctones da conivência com os brancos. Para isso tinham as suas razões, atendendo aos costumes dissolutos de muita gente que lá foi parar. Apesar disso, a mestiçagem operou-se e o cruzamento da raça branca com a indígena deu o mamaluco e com a raça negra deu o mulato.

O regime de exploração das riquezas brasileiras atravessou várias fases:

de início, o arrendamento a particulares; depois, a divisão administrativa em capitanias entregues pela coroa a membros da pequena nobreza;

Por último, o governador geral fixou a sede na Baía. Assim o entendeu o rei D. João III ,atendendo aos vários problemas, tais como a grande extensão dos territórios, os ataques de corsários ...etc.

No século XVI, a produção açucareira deu grandes rendimentos. A sua exportação abasteceu e inundou os mercados da Europa .

A especiaria era fabricada no engenho dos colonos ,senhores e grandes proprietários. A produção do açúcar recebeu um impulso determinante no reinado de D. João III.







8 Animais exóticos

Na época dos descobrimentos, para além das novas terras também, obviamente encontraram outro tipo de animais e de pessoas.






Encontraram a avestruz, que foi objecto da maior curiosidade, bem como as cobras

de exagerado tamanho e os sonolentos crocodilos.


Leões e camelos causaram admiração: pertenciam à nova fauna até então ignorada da grande maioria dos europeus.

Os animais também viajaram. Desde os animais domésticos que saíram do reino rumo aos arquipélagos, algumas vezes, precedendo os próprios colonos e, chegando no caso dos coelhos lançados em Porto Santo a dificultar a vida da população, porque se multiplicavam-se rapidamente e em grande quantidade. “ empancharam a terra de guisa que não podiam semear nenhuma cousa que lha eles não estragassem”.

Outros, eram objectos de troca no litoral de África: quer os cavalos levados pelos Portugueses, quer os papagaios, peles de onça e peles de foca vendidos pelos africanos; alguns serviam para enriquecer a dieta alimentar dos navegadores como tartarugas, lobos marinhos e peixes com asas como refere Pyrard de Laval.

Com a chegada ao Brasil também os aborígenes se admiraram de alguns animais que tínhamos levado, “mostraram-lhes um carneiro não fizeram dele menção, mostraram-lhes uma galinha quase que tiveram medo dela e não lhe queriam pôr a mão e depois tomaram-na como que espantados”.

A maior admiração viria exactamente de Roma, onde um elefante fez uma reverência três vezes, tomou água na tromba aspergindo o Papa e o corpo cardinalício, repetindo depois a atitude face aos inúmeros populares que presenciavam os acontecimentos.






9 Contactos de civilizações

Por toda a parte , e até onde se estendeu a expansão ,os portugueses, encontraram em África, América do Sul, Índia , na China e noutras paragens civilizações de povos com culturas diferentes e com desigual desenvolvimento. Os contactos que se estabeleceram, levaram a um diálogo de maior ou menor receptividade mútua, a uma permuta de valores culturais distintos. Este fenómeno denomina-se por aculturação.

O que se passou com as trocas de produtos agrícolas de continente para continente ( a mandioca, o milho, a batata, da América; o café e o sorgo, da África; O arroz, a banana, o chá da Saia) verificou-se também, ao nível do encontro de pessoas e sociedades. O trafego comercial desencadeado pela expansão marítima portuguesa foi o veículo mais importante de todos os contactos entre civilizações diferentes e culturas que se desconheciam.

Muito importante foi o que aconteceu no contacto com o Oriente. Navegadores, comerciantes, viageiros ocidentais, políticos, militares e missionários depararam com povos de tradições e valores completamente diferentes das nossas, com os quais aprenderam e também transmitiram conhecimentos, conseguindo uma boa convivência de raças. Assim a cultura dos Portugueses chegou a longínquas paragens, e ainda hoje existe testemunhos da mesma nessas culturas e vice-versa.

Os padres da Companhia de Jesus tiveram um papel muito importante, através da missionação do Cristianismo no Oriente, pois fundaram institutos de ensino em diversos níveis, ergueram instituições hospitalares para assistência, promoveram o estudo de línguas, traduções e dicionários. Deve-se aos Jesuítas o maior esforço na aproximação entre o Ocidente e o Oriente no século XVI.



Também o contacto com a cultura indígena sul-americana deve imenso à Congregação dos Jesuítas, pois a sua acção desenvolveu-se em vários sectores: catequese, ensino ,assistência etc.




10 Monumento aos Descobrimentos



A Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa no ano de 1940, comemorava o oitavo centenário sobre a data em que D. Afonso Henriques ostentara, pela primeira vez, o título de rei de Portugal, bem assim como o tricentenário da Restauração da independência de 1640.

Este evento materializou-se em Belém, na Praça do Império, revelando-se um grande acontecimento político e artístico do Estado Novo. O ex-libris da exposição foi o Monumento- Padrão dos Descobrimentos, obra planeada pelo arquitecto Cottinelli Telmo e esculpida por Leopoldo de Almeida. Em 1940, o monumento fora erguido numa estrutura provisória, sendo passado à pedra, com estrutura de betão, definitivamente em 1960, altura em que se assinalava o V Centenário da morte do infante D. Henrique. Esta obra de arquitectura e escultura foi criada com a intenção de consagrar os Descobrimentos Portugueses, aventura iniciada no século XV.

O monumental Padrão dos Descobrimentos atinge uma altura de 50 metros, com uma largura de 20 por um comprimento máximo de 46 metros. A maior figura esculpida é a do infante D. Henrique, que possui 9 metros de altura, enquanto o restante grupo de 32 ilustres imagens atinge os 7 metros de altura. No seu interior, um elevador conduz a um panorâmico miradouro situado no topo do monumento.

O padrão encontra-se edificado na margem do Rio Tejo, implantado num pequeno terreiro em calçada portuguesa, decorado por uma rosa-dos-ventos e um planisfério em mármore rosa, onde se assinalam, com o desenho de naus e caravelas, as principais rotas e datas dos Descobrimentos Portugueses. O delineador do projecto foi o arquitecto Cristino da Silva.

Arquitectonicamente, o Padrão dos Descobrimentos configura-se simbolicamente como uma caravela, com a verticalidade da sua parede simulando as velas, encimada pelas armas portuguesas da época. A porta de acesso ao monumento é preenchida pela enorme escultura de uma espada, decorada no punho com a cruz da Ordem de Avis - simbolizando a força das armas e da fé cristã.

Na proa da caravela de pedra destaca-se a figura tutelar do infante D. Henrique, olhando o horizonte e segurando entre as mãos a caravela portuguesa. As rampas laterais são preenchidas, anacronicamente, por uma corrente de 32 figuras marcantes da história portuguesa dos séculos XV e XVI (16 em cada um dos lados), personagens ligadas, directa ou indirectamente, à empresa dos Descobrimentos. Assim, governantes, marinheiros, cartógrafos, poetas, artistas e cronistas, guerreiros ou evangelizadores, foram esculpidos com rigor e robustez. Entre os demais, destacam-se as representações do infante D. Pedro, de D. Afonso V, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Fernão de Magalhães, Diogo Cão, Pedro Nunes, Luís de Camões, Nuno Gonçalves, Fernão Mendes Pinto, João de Barros e Afonso de Albuquerque.





Conclusão

Os séculos XV - XVI foram tempos de aproximação decisiva de nações e culturas: nasceu, então, a consciência planetária que chamou os homens à fraternidade universal. Nesse processo, Portugal cumpriu missão de pioneiro.

Esta época caracteriza-se por uma profunda renovação da Civilização Europeia. Sucedem-se transformações económicas decisivas, a Burguesia triunfa em prestigio e riqueza, as Monarquias solidificam-se com o poder real reforçado, a Cultura retoma um conhecimento profundo do Saber Clássico, a mentalidade humanista do Individualismo manifesta-se em novas maneiras de pensar e de sentir, na vida social, nas Letras, nas Artes, nas Ciências, na Política e na Religião.

Em toda esta mudança participa Portugal, com um papel de grande relevo, cuja empresa expansionista, para além das consequências económicas e sociais, teve uma repercussão extraordinária e determinante no renascimento da cultura do Ocidente.






Bibliografia



REIS, ANTÓNIO DO CARMO; Nova História de Portugual; Notícias Editorial; Lisboa, 1990; 2ª Edição.

Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento; Conselho da Europa; Imprensa Nacional da Casa da Moeda; Lisboa, 1983.

Atlas Histórico; Diário de Notícias.

MENDES, ISABEL MARIA RIBEIRO; A Propósito dos Descobrimentos – Animais Exoticos e outras novidades; in História, nº127; 1990.

NAPIER, WILLIAM; Lands of spice & Treasure; International Learning Systems Corporation Limited; London; 1973.

Enciclopédia Universal Multimédia; Texto Editora; Cacém 1999.

Diciopédia 2001; Porto Editora Multimédia; Porto 2000.




 


Ana Rita Fonseca