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ARISTÓTELES
Entrevista a um filósofo
Planeta Terra, 2056, Estados Unidos da América
-Problemas económicos e de cidadania estão neste momento a desolar a
terra. Parece que tudo está perdido - dizem todos os jornais.
Mas, numa área restrita da América, a Área 51, já se está a desenvolver
um plano para acabar com a crise: acabar de construir a máquina do
tempo, e conseguir ter contacto com Aristóteles, o grande filósofo, e
conseguir retirar dele algumas ideias para acabar com o problema.
Eu e o meu grupo de cientistas e mecânicos acabámos de construir a
máquina do tempo, e, como ninguém quis candidatar-se a ir para a Grécia,
eu mesmo tenho de ir.
Meti-me na máquina do tempo e pedi aos meus ajudantes que marcassem a
data, 343ac.
Um turbilhão de luzes e cores encheu a máquina, e depois... puf, eu já
estava na Grécia, apressei-me e vesti-me à moda antiga rapidamente, e lá
fui eu à procura do Aristóteles, mas depois pensei, neste momento
Aristóteles é o tutor de Alexandre, portanto deve estar com ele!
Perguntei à primeira pessoa, que vi, onde estava Alexandre, e eles
disseram que ele estava com o seu tutor a passear naquela rua ali ao
lado. Eu olhei, e lá estava ele, o grande filósofo Aristóteles,
acompanhado por Alexandre, e com uma grande comitiva atrás.
Dirigi-me para ele e disse-lhe que precisava da sua ajuda para um
problema...
- Há, já sei, quer ver a minha casa, não é, pois bem, venha...
Eu tinha de me mostrar interessado, senão ele voltaria certamente para
junto dos
seus amigos.
Quando chegámos à sua casa, ele disse: - Está com sorte meu jovem
admirador,
acabei agora mesmo o meu estudo comparativo de 158 cidades estado
gregas. Veja só esta papelada toda, foi mesmo um grande trabalho...
Depois, começou a contar-me a história da sua vida, em que tinha sido
aluno da Academia de Platão, e depois professor, e neste momento era
tutor de Alexandre.
A sua produção é enorme, com obras científicas e filosóficas, como a
ética, a política, e a metafísica, entre outras.
Após a longa demonstração, ele passou a um tema que me interessava: o
civismo. Ele disse que para uma pessoa ser civilizada, tem de cumprir as
normas e as regras, nas quais estão incluídas o respeitar os outros.
Nesse momento, um mensageiro surgiu na entrada, e disse que Aristóteles
tinha de ir imediatamente para debater alguns assuntos políticos com
outros filósofos. Ele despediu-se de mim à pressa, e foi-se embora,
deixando-me sozinho à porta da sua casa. Decidi voltar para a máquina,
desolado por não ter encontrado solução para o problema, mas muito mais
culto por ter aprendido mais com um dos maiores filósofos de sempre.
Quando cheguei à Área 51 e saí da máquina, não estava lá ninguém, então
abri a televisão, e vi que a jornalista anunciava alegremente que tinha
sido encontrado um novo planeta no universo, e que continha os minérios
necessários para reabastecer a terra por vastos milénios.
De repente, entraram pela porta dois dos meus cientistas, que disseram
alegremente:
- Anda juntar-te à festa, estamos salvos, finalmente!
Definitivamente, eles tinham-se esquecido da minha viagem, e lá fui eu
descontraidamente, juntar-me à festa.
Gonçalo Fernandes -7º A
ARISTÓTELES
Entrevista ao filósofo grego
Aristóteles foi um filósofo e cientista grego que viveu entre os anos
384 – 322 a.C.. Foi discípulo de Platão, mas desenvolveu as suas ideias
de uma maneira mais metódica e cientifica. Foi preceptor de Alexandre “O
Grande”. Ele defende que o homem deve conhecer sobretudo as realidades
concretas que derivam da experiência.
Tive o privilégio de me encontrar com ele numa visita que ele fez ao
nosso tempo. Achei fascinante a conversa que tive com ele sobre o
Civismo e as ideias que defendia sobre teologia, moral, política, arte e
a religião entre outras.
Vou tentar reproduzir a conversa que tive com ele, sobre o Civismo.
- Aristóteles, gostava de saber o que pensa sobre o Civismo no século
XXI.
- Meu caro, o Civismo é um tema muito complexo, sendo eu um cientista e
com o meu vício de classificar tudo, ainda não me ocorreu classificar os
seres humanos quanto às suas atitudes cívicas ou não cívicas. Acho que o
Civismo está nas nossas mãos e na cabeça, não no Estado, nem na política
, instituições que todos criticamos quando nos deparamos com atitudes
que achamos pouco cívicas.
- Gostava de saber se existe grandes diferenças entre o comportamento
cívico da sociedade grega da sua época e da minha.
- Acho que vives num período da história onde, mais do que nunca,
predomina o inconsciente colectivo que acha que o que importa é o bem
estar particular e individual. Desconhece-se o conceito de colectivo, do
bem comum de todos. No meu tempo as coisas não eram muito diferentes,
com o agravante de existir na sociedade da época um grupo social muito
discriminado, os escravos. Actualmente há os sem abrigo, grupo ao qual
também é negado muitos direitos cívicos.
- Aristóteles, como poderá a nossa geração ajudar a despertar o Civismo
nas pessoas.
- Meu jovem, partilhar o dia-a-dia com o nosso próximo, sentir e sofrer
em comum é um acto cívico. O Civismo exige de cada cidadão a colaboração
nas obras sociais, nas iniciativas para melhorar a situação de todos e
excluir o individualismo e o egoísmo. O civismo nasce da consciência de
cada um ao tomar conhecimento do seu próximo.
- Porque razão há pessoas que tomam atitudes não cívicas, isso terá a
ver com a cultura ou a raça das pessoas?
- Não, meu jovem, o civismo abraça todos os seres indistintamente da sua
condição social , económica religiosa ou raça. O civismo começa pelo
respeito a todo o ser vivo e não só humano, mas só os humanos têm a
capacidade de atitudes cívicas, não é atitude cívica danificar bens
materiais que podem ser úteis ao nosso próximo, ou dar um pontapé no seu
animal de estimação.
- Gostava de saber se será possível aprender o civismo.
Queres saber se é possível aprender a ter atitudes cívicas. É possível e
necessário. Tudo se aprende e toda a aprendizagem tem o seu método, o
civismo começa sempre pelo respeito à pessoa humana, inicia-se no lar,
passando pelas escolas, pela cidade, pelo país e pelo mundo.
Os pais e os educadores têm um papel fundamental na passagem dos
conceitos de civismo aos jovens, são eles o futuro da humanidade.
- Muito mais haveria a dizer sobre este tema, mas como deves compreender
não posso perder aqui muito tempo. Tenho que continuar com as minhas
observações minuciosas da natureza, da sociedade e dos indivíduos para
que a Humanidade possa aproveitar os meus estudos, contribuindo assim
para um mundo melhor e com mais CIVISMO.
Tiago, 7º
ARISTÓTELES E O CIVISMO
Entrevista ao filósofo grego
Introdução
Na disciplina de História, nós, os alunos do sétimo ano do Colégio Vasco
da Gama, estamos a estudar a Grécia. Para conhecer um pouco dos
filósofos da Antiga Grécia, nada melhor que “viajar um pouco no tempo” e
entrevistar um destes três filósofos: Aristóteles, Platão e Sócrates.
Eu decidi entrevistar Aristóteles porque considero que é um filósofo com
ideias muito interessantes e actuais.
Este trabalho veio ao encontro de uma experiência que eu precisava de
realizar: testar a minha última invenção. Eu tinha acabado de inventar a
Máquina do Tempo e decidi estreá-la neste trabalho, viajando até à
Antiga Grécia. Organizei um guião de perguntas, fui buscar o meu
gravador e parti. Mas antes, guardei isto tudo num saco para que ninguém
visse estes meios de trabalho dos nossos dias. Passado pouco tempo,
cheguei a uma grande cidade grega. Era Atenas, uma das maiores cidades
da Grécia. Não sei como, mas tinha outra roupa, estava trajado como os
gregos dessa altura. A minha viagem estava a correr bem: é que encontrei
o filósofo Aristóteles numa casinha modesta, bati à porta e ele
deixou-me entrar. Disse-lhe que era um rapaz do futuro e pedi-lhe para
me responder a algumas perguntas e que não dissesse a ninguém que estive
lá. Ele foi muito agradável, mas, antes de me responder ao que eu queria
saber, tive de lhe explicar tudo o que se estava a passar.
Então, comecei a entrevistá-lo.
Desenvolvimento
Qual é o seu nome?
O meu nome é Aristóteles.
Onde nasceu?
Eu nasci em Estagira, na Macedónia, em 384 a. C. Sou filho de Nicómaco,
médico de Amintas II, rei da Macedónia.
Se o senhor nasceu na Macedónia, porque é que veio para Atenas?
Eu vim para a Atenas para concluir os meus estudos na Academia
Platónica, onde permaneci durante vinte anos, até à morte de Platão, de
quem fui discípulo.
Que contributo deu para melhorar os conhecimentos dos gregos?
Eu não concordava com muitas das ideias de Platão, então, no ano de 335
a. C. fundei o Liceu, que concorreu com à Academia do meu Mestre. Também
tenho realizado muitos estudos e escrito vários livros que muitas
pessoas lêem e me dizem que gostam.
Eu penso que a melhor forma de melhorar a vida de um povo é dar-lhe
instrução.
De todas as suas obras, qual é a que considera mais importante?
É, sem dúvida, “A Política” porque desenvolve temas importantíssimos: a
organização das cidades, a família, a escravatura, a propriedade
privada…
Porque é que diz que o homem é um ser social?
O homem é um ser social porque não pode viver sozinho. Um indivíduo não
se basta a si próprio, tem que viver numa sociedade organizada e
proceder de acordo com as regras e as normas dessa sociedade. Quem não
cumpre as regras, é castigado.
As sociedades estão em constante mudança: todos os dias, surgem novos
saberes e novos ensinamentos.
Pode explicar melhor essa ideia.
Os gregos ainda têm muito para aprender. Os seres humanos têm de crescer
em família, que é a base natural de toda a sociedade. Mas esta não é
suficiente para os seres humanos desabrocharem todas as suas faculdades,
têm de viver em aldeia e, depois, a cidade completa o seu
desenvolvimento. Esta é a comunidade ideal para satisfazer as
necessidades das pessoas dessa sociedade.
Quando fala de necessidades, a que é que se refere?
Estou a referir-me a bens para poder subsistir, profissões variadas,
armas para defender a autoridade pública, moeda, o culto dos deuses e o
poder.
Para além desses aspectos, que outras coisas são necessárias para os
seres humanos serem felizes?
O homem só é feliz se puder desenvolver e utilizar todas as suas
capacidades e possibilidades.
A primeira forma de felicidade é ter uma vida de prazeres e satisfações;
a segunda forma de felicidade é uma vida como cidadão livre e
responsável e a terceira, é levar uma vida de pesquisador e filósofo.
Para serem felizes, os seres humanos têm que desempenhar bem a sua
missão e abandonar os exageros: têm que viver com moderação.
Falou de Liberdade. O que é, para si, a liberdade?
Os indivíduos devem ser livres e agir livremente, de forma responsável,
de acordo com aquilo que pensam. Mas liberdade não significa
libertinagem; isto é, a liberdade de um acaba onde começa a liberdade do
outro.
O que é que fazia se fosse imperador da Grécia?
Eu implantava em toda a Grécia uma democracia. Democracia quer dizer
governo do povo. O poder seria exercido pela assembleia, que era formada
pelos representantes de todos cidadãos.
Se eu fosse imperador, canalizava todos os meus esforços no sentido de
que todos os gregos, sem excepção, tivessem uma boa vida e fossem o mais
feliz possível.
Em democracia, como funcionam os poderes políticos?
Há o poder Legislativo, que tem como função fazer as leis, é exercido
pela Assembleia; o Poder Executivo, que põe em prática as decisões do
legislativo, é exercido pelo governo e o Poder Judicial, que julga quem
não cumpre as leis, é exercido pelos tribunais.
No caso específico de Atenas, é assim?
Não é bem assim, mas eu explico como é: O Poder Legislativo é executado
pela Eclésia: as leis são preparadas pela Bulé; os Magistrados têm o
Poder Executivo; o Tribunal de Helieu é composto por 600 heliastros e
tem o Poder Judicial; o Areópago é o Supremo Tribunal e os Estrategas
são os chefes militares.
Que outras formas de bom Estado conhece?
Outra forma de bom Estado é a Monarquia, em que há um único chefe de
Estado, mas não deve degenerar em “Tirania”, em que o chefe do Estado
governa em proveito próprio. Outra forma de bom Estado é a aristocracia;
neste caso, um grupo de soberanos governa o Estado, é o governo dos
melhores, também esta forma de governar não se deve transformar em
“Oligarquia”, em que o governo passe a governar em função dos interesses
desse grupo.
Mas nem todos os seres humanos são livres e iguais?
Sabe como é: as sociedades humanas estão a evoluir bastante, lá chegará
o dia em deixará de haver escravos e as mulheres terão os mesmos
direitos que os homens. Desta forma, todos serão mais felizes, mais
iguais e o mundo será melhor.
Obrigado pela sua colaboração.
Não tens que me agradecer. Eu é que fiquei muito orgulhoso por tu te
interessares pelos meus trabalhos.
Conclusão
Com a realização deste trabalho, eu aprofundei os conhecimentos que
tinha sobre a Grécia Antiga.
Aristóteles e outros filósofos gregos influenciaram o pensamento e a
cultura de muitos povos. Ainda, hoje, são considerados mestres da
Filosofia.
As suas obras têm sido lidas por muitas pessoas e estão espalhadas por
todo o mundo.
Por tudo isto, foi muito bom realizar esta investigação!
Entrevista a Leonardo da Vinci
Hoje vamos fazer uma entrevista a Leonardo da Vinci que nascera a 15 de
Abril de 1452, numa pequena vila de Vinci, perto de Florença. É filho
ilegítimo de Pierro da Vinci e de Caterina, desde sempre fora muito
apegado aos pais.
É ele um dos mais excêntricos artistas da actualidade com uma grande
diversificação de talentos, sendo este homem um excelente nadador,
cavaleiro, engenhoso artesão e mecânico que revelou dons inventivos,
desenho e pintura.
- Quando é que começou a sua carreira artística?
- Foi em 1470, quando o meu pai levou alguns dos meus desenhos a um
célebre professor, Verrocchio, que me recebeu como aprendiz em sua casa,
nessa altura tinha 18 anos. Permaneci sob orientação do professor até
1477 onde aprendi os segredos da pintura e da escultura como também
técnicas artesanais.
- Depois de deixar o estúdio de Verrocchio, o que fez?
- Estive vários anos em Florença, protegido de um Medici, Lourenço, o
Magnifico.
- E teve lá sucesso?
- Não, não tive muito sucesso, talvez por achar que os conterrâneos não
estavam a apreciar o meu devido talento porque foi na altura em que fiz
um projecto para a canalização do Arno , mas tivera sido rejeitado por
Lourenço. Então, em 1482 resolvi escrever uma carta para Milão, ao Duque
Ludovico Sforza.
- O que é que dizia nessa carta?
- Nessa carta eu oferecia os meus serviços e como estávamos em tempo de
guerra eu dizia ser capaz de construir pontes portáteis, cavar túneis
por baixo de rios e destruir fortalezas, também tinha inventado um novo
tipo de bombarda, uma carreta blindada, um navio à prova de bombas, uma
arma submarina de defesa e ataque. Depois também dizia que em tempos de
paz podia realizar obras de pintura e escultura, coisas assim do género!
- Quais os motivos de Lodovico, em tê-lo chamado?
- Porque ele queria que eu fizesse um projecto para erguimento de uma
estátua em homenagem a seu pai, Francesco Sforza, e também por ter
estado atraído pelas minhas habilidades musicais.
- E com que opinião ficou ele de si?
- Ludovico vira que eu não tivera exagerado em nada que dizia na carta e
que tenho uma personalidade fascinante e uma capacidade de escultor,
arquitecto, engenheiro, músico, anatomista, matemático, naturalista,
inventor, astrónomo e filósofo.
- Qual foi considerado uma das suas melhores obras?
- Foi a Última Ceia que ainda tivera sido pintada no tempo de Ludovico,
em Milão, no convento de Santa Maria.
- Quanto tempo e que dificuldades encontrou para terminar essa obra?
- Eu tive uma grande demora em terminar essa obra, pois não conseguia
encontrar um modelo para fazer de Judas, tanto tempo demorei que um
prior do convento se foi queixar a Ludovico, fui então chamado ao
palácio apresentar as minhas razões tendo ele compreendido e deixando-me
acabar a obra sossegado.
- Quando é que abandonou a cidade de Milão, e porquê?
- Abandonei-a em 1499, quando fora conquistada por Luís XII.
- O que fez de seguida?
- Tive uma breve passagem por Mântua, onde tive protecção da Duquesa
Isabella Gonzaga, depois dirigi-me para Veneza em que estive até Abril
de 1500, foi então que recebi a notícia da derrota definitiva e prisão
do Duque Ludovico Sforza e desisti de voltar para Milão. Mas em 1502 fui
contratado por César Bórgia.
- Que tipo de contrato era esse?
- Fui contratado como engenheiro em que viajei por toda a Itália,
fiscalizando obras, a construção de canais, até a restauração do palácio
de Frederico II, e tantas outras coisas.
- Em 1507, teve de regressar a Florença por causa de um problema
familiar, importa-se de explicar o que aconteceu ou prefere não falar
disso?
- Claro que não. Tive de regressar a Florença por causa do falecimento
do meu pai, tive de ir fazer a divisão dos bens, pois ele não deixara
testamento.
- Até quando lá permaneceu?
- Permaneci até 1511 onde tive um período de amizade com Francesco Melzi,
a quem vou confiar todos os meus manuscritos quando morrer. Depois em
1512, transferi-me para Roma.
- Mas porquê para Roma?
- Porque em Roma havia um grande movimento cultural, mas para além disso
um grande admirador meu tinha acabado de ser eleito Papa, era o Papa
Leão X, que me arranjou um local para eu e os meus alunos trabalhar.
- Sei que onde quer que estivesse, conseguia sempre, expor as suas
ideias ao público não é verdade?
- Sim, é verdade, tenho sempre o hábito de reunir uma pequena multidão
para poder expor as minhas ideias de engenheiro, pintor, escultor,
filósofo, músico ou poeta e conseguia sempre prender o público com as
minhas anedotas e fábulas, com a música..., mas não é só com isso que o
público se entusiasma, é também com os meus projectos de máquinas para
fazer o homem voar, de barcos capazes de navegar sob a água, as armas de
guerra, coisas que eles nunca tinham ouvido antes.
- Para si, a pintura é uma ciência, o que é que o leva a ter essa ideia?
- Exactamente, enquanto que para mim a escultura é uma arte, a pintura é
uma ciência, e isso fez-me estudar a cinemática, isto é, as figuras
ficam com uma ideia perfeita de movimento, e para conhecer os movimentos
dos organismos vivos é preciso estudar o movimento em si,
independentemente de tudo, então procurei interpretar o movimento dos
corpos inanimados o deslocamento dos corpos celestes, mesmo com ajuda de
instrumentos. Limitei-me a teorizar o movimento e a força em que uso os
termos: “impressão de movimento” e “potência”, isto é “Nenhuma coisa se
move por si mesma, mas seu movimento é produzido por outros”, “Todo
movimento espera ser mantido, ou seja, todo corpo em movimento move-se
enquanto conserva a impressão da potência de seu motor”.
- Nos seus estudos a mecânica tem um destaque especial, não é verdade?
- Sim é verdade, eu tenho muitas ideias e muitos projectos como por
exemplo, a forma de remover a água de um lugar para o outro, já com
conhecimentos de Hidrodinâmica fiz projectos para a construção de
canais. Quando estudava o movimento dos corpos através de fluidos,
discuti também, os movimentos da água devidos à sua gravidade, em que
formulei teorias sobre as chuvas, observando o congelamento da água e a
evaporação devida ao calor.
- O que é que o faz pensar que o homem pode vir um dia a voar?
- Observei a flutuabilidade dos corpos menos densos dos mais densos,
depois estudei sobre o voo dos pássaros desenhando-os muito
pormenorizadamente, em fim formulei teorias sobre a sustentação, a
resistência e as suas aplicações num engenho que fizesse o homem voar.
- Qual é a sua teoria quanto ao Universo?
- Embora eu aceite os quatro elementos, terra, ar, água e fogo, eu fiz
um raciocínio crítico quanto à organização e constituição do Universo,
pois percebi que a teoria de Ptolomeu estava errada, o Universo é
formado por esferas concêntricas sendo a terra o centro girando umas em
torno das outras, mas com o que eu estudei, o movimento relativo acabará
desgastando as esferas. Também a afirmação de um filósofo, ao dizer que
o sol tem apenas 33 centímetros de diâmetro é impossível ser assim tão
pequeno, porque eu, ao analisar os eclipses da lua e o enorme percurso
do sol esse astro é impossível ser tão pequeno. Quanto aos planetas não
têm luz própria mas recebem a do sol.
- Sendo a anatomia um dos seus principais dotes, estudando-a como
ninguém, como é que a consegue transcrever para o papel?
- Eu demonstro desenhando-a, e desenho, como por exemplo... músculos,
nervos, veias, intestinos de corpos..., e faço-o tanto em homens como
mulheres.
- Mas não estuda apenas a anatomia humana, pois não?
- Não, estudo-a também em animais, principalmente em cavalos.
- O que é que examinou?
- Examinei e descrevi uns espaços vazios no maxilar superior e do osso
frontal, observei alterações ósseas conforme a idade da pessoa, estudei
a posição dos ossos durante o movimento e a posição relativa de vasos,
músculos e nervos.
- O que é que descobriu mais?
- Examinei o sistema nervoso, os órgãos dos sentidos, analisei a
placenta, o cordão umbilical e as vias de nutrição, e estudei o coração,
que é alimentado por artérias e veias e tantos outros pormenores.
- A Botânica também lhe despertou alguns interesses, não é verdade?
- Sim, conheço certas propriedades dos vegetais e estudei ainda algumas
plantas que têm influência do ar e da luz solar.
- A Química não se passou por despercebida nos seus estudos, pois não?
- Claro que não, quanto à Química estudei algumas transformações das
substâncias e realizei umas experiências sobre a elasticidade e
compressibilidade de corpos, sendo a água um exemplo de
incompressibilidade.
- E quanto à Matemática?
- Eu afirmei e volto a afirmar, “investigação alguma pode ser chamada de
verdadeira ciência se não passar pelas demonstrações matemáticas”.
- Agora, uma última pergunta e mais discreta se não se importar, é
claro?
- Não, claro que não me importo.
- São curiosas as críticas que lhe fazem aos manuscritos, em relação à
sua letra, pois são bastante difíceis de ler, importa-se de explicar o
porquê?
- Essa situação é bastante caricata e já muitas vezes o ouvi. São
difíceis de ler talvez por eu escrever as linhas tanto da esquerda para
a direita como vice-versa e ao escrever com as duas mãos, com a
esquerda, da direita para a esquerda, escrevo tudo o que me vem à mente
e com a mão direita expresso os resultados do estudo e da reflexão
crítica.
De volta
à
Itália renascentista
http://www.michelangelo.com/buon/bio-index2.html
Olá! O meu nome é Tom Judd e sou um famoso jornalista. Como a máquina do
tempo não tem sido utilizada para fins interessantes (só tem sido usada
para turismo), eu decidi usar a máquina do tempo para voltar à Itália
renascentista e fazer uma entrevista ao escultor Miguel Angelo. E aqui
estou, na Itália renascentista, em 1541, com o senhor Michelangelo
Buonarroti ao meu lado.
TJ: Bom dia, senhor Michelangelo Buonarroti. O meu nome é Tom Judd e vim
do futuro para lhe fazer umas perguntas.
MB: Do futuro? Talvez isso explique o estranho sonho que eu tive
anteontem... Mas deixe estar, comece com as perguntas.
TJ: Qual acha que são as suas maiores ou melhores obras?
MB: Para mim, as minhas melhores obras são o colossal “David” de
mármore, “Pietà” ou piedade de mármore que se encontra na basilisca de
São Pedro, em Roma, e o “Juízo final” no altar da capela Sistina.
TJ: Quem é que acha que é o seu maior rival?
MB: O meu maior rival é o senhor Leonardo da Vinci. A nossa rivalidade
nasceu quando eu estava a pintar o fresco “Batalha de Cascina” para a
sala do conselho do Palazzo Vecchio florentino em 1504, e ele estava a
pintar “A batalha de Anghiari” na parede oposta.
TJ: Quais foram as suas maiores esculturas nos desde 1501 e 1505?
MB: As 15 figuras da capela Piccolomini da catedral de Siena e o “David”
de mármore.
TJ: Qual é o seu projecto actual?
MB: De momento estou a acabar o “juízo final” no altar da capela
Sistina.
TJ: Você recebe algum tipo de pagamento pelas belas esculturas que faz?
MB: Por algumas não, porque dou-me como voluntário para as fazer.
Outras, são esculturas que eu faço para treinar. As quarenta figuras em
tamanho natural que o papa Júlio II me encarregou de fazer em 1505 não
foram acabadas devido principalmente à falta de pagamento.
TJ: O que é você fez para representar o corpo humano da estátua de
mármore “David”?
MB: Normalmente, vou às igrejas estudar cadáveres.
TJ: O que esculpiu em 1496?
MB: Em 1496 mudei-me para Roma, onde esculpi “Baco”.
TJ: Qual foi a nomeação que recebeu em 1534?
MB: Em 1534 fui nomeado pelo papa Paulo III escultor, pintor e
arquitecto oficial do Vaticano. Também fixei residência definitiva em
Roma.
TJ: Quando começou a pintar o “Juízo final”?
MB: Comecei a pintar o “Juízo final” em 1536. Nessa pintura, a figura de
Cristo aparece como que um juiz universal, ordenando a salvação dos
bem-aventurados e o castigo dos pecadores.
TJ: Depois de se ter desentendido com o papa Júlio II, o papa
encomendou-lhe mais alguma estátua ou pintura?
MB: O papa Júlio II encomendou-me uma estátua em bronze para a igreja de
São Petrônio, concluída em 1508, e eu encarreguei-me do seu túmulo.
TJ: O que é que fez no mausoléu dos Medici?
MB: No mausoléu dos Medici as estátuas de Juliano e Lourenço o
Magnífico, dispostas em nichos sobre as tumbas, representaram um novo
ponto de partida no campo da escultura funerária. Então, sob elas, eu
acrescentei quatro figuras em mármore que representam o mundo terreno em
gradações do dia: “Aurora”, “Dia”, “Crepúsculo” e “Noite”. Também
construí o recinto solene da capela que, apesar de as suas linhas
arquitectectónicas terem um pouco de simplicidade, é para muitas pessoas
a minha melhor obra.
TJ: Quais foram os seus projectos durante 1520 e 1524?
MB: Em 1520, comprometi-me a projectar uma capela mortuária na igreja de
São Lourenço, que deveria abrigar os sepulcros da família Medici e, em
1524, o papa Clemente VII encarregou-me do projecto da Biblioteca
Laurenziana.
TJ: O grande mausoléu de 40 figuras em tamanho natural de que o papa
Júlio II o tinha encarregado nunca chegou mesmo a ser concluído?
MB: O mausoléu não, mas em 1513 eu consegui renegociar o contracto do
mausoléu com os herdeiros de Júlio II. O projecto foi reduzido e eu
idealizei para o sepulcro de Júlio II a estátua “Moisés”, de mármore, e
duas figuras torturadas de escravos.
TJ: Depois de ter começado a realizar o “Juízo final” não fez mais nada?
MB: Sim, em 1538, transferi a antiga estátua do imperador Marco Aurélio
para o centro da praça do Capitólio, que reurbanizei.
TJ: Nunca escreveu nenhum livro?
MB: A partir de 1530 comecei a escrever uma espécie de “biografia
espiritual” onde estão escritos poemas, sonetos, madrigais e outros
textos.
TJ: Quando pintou o tecto da capela Sistina, não contou com nenhum tipo
de ajuda?
MB: Claro, se eu não tivesse tido a ajuda de algumas pessoas, se calhar
tinha acabado os frescos muito mais tarde ou se calhar não tinha mesmo
acabado!
TJ: Qual é sua maior obra do período 1498-1501?
MB: A minha grande obra desse período é a “Pietà”, na qual a cena
trágica contrasta com a serenidade do juveníssimo rosto da Virgem.
TJ: Qual é a sua perspectiva do seu próprio futuro?
MB: Parece-me que ainda vou fazer muitas mais obras, sejam elas
esculturas, pinturas ou poemas.
TJ: Bem, senhor Michelangelo, adorava ficar mais tempo a conversar com o
senhor, mas tenho de voltar à minha época e ao meu país.
MB: Compreendo. Então adeus, e espero voltar a vê-lo noutro dia.
TJ: Boa sorte para as suas obras senhor Michelangelo Buonarroti. Adeus e
até sempre!
E pronto. Já fiz o que tinha a fazer e estou pronto para voltar para
Inglaterra. De certeza que os leitores do Times vão deliciar-se com esta
entrevista. Espero um dia voltar à Itália Renascentista. Adeus!
Alexandre, 8ºB
À conversa com....
Miguel Ângelo
Miguel Ângelo foi um importante pintor, escultor, arquitecto e escritor
que marcou fortemente o Renascimento.
Nuno Pinheiro - Boa tarde Miguel Ângelo, ou deverei dizer Michelangelo
Buonarroti?
Miguel Ângelo - Miguel Ângelo seria mais simples...
NP - Pois bem... Antes de mais, gostaria de saber onde nasceu.
MA - Bem, eu nasci em Caprese, uma pequena aldeia pequena aldeia perto
de Arezzo, a seis de Março de 1475.
NP - Como foi a sua vida nesses tempos?
MA - Como lhe disse, nasci em 1475, em Caprise, aí fui criado pelo meu
pai. Lodovico, era descendente de uma família florentina de comerciantes
outrora abastada, ocupava nessa aldeia o cargo de regedor, e pela minha
mãe. Infelizmente a minha mãe morreu quando eu tinha seis anos, em 1481,
e deixou o meu pai com seis filhos rapazes, o meu pai acabou por se
casar uma segunda vez, nos meus dez anos, em 1485, e toda a minha
família se mudou para Florença, onde passamos a viver na zona Ocidental
da cidade de Florença, Santa Croce, onde mais tarde vim a adquirir uma
casa. Aí fui entregue a uma ama que morava a numa aldeia vizinha,
Settignano, onde se vivia do trabalho do mármore.
Costumo, a brincar, dizer ter bebido com o leite da minha ama amor à
escultura. Passei a minha infância entre a pequena propriedade familiar
em Settignano e a casa dos Buonarroti em Florença.
NP - Quando iniciou a sua vida de pintor, escultor e arquitecto?
MA – Depois de desistir da escola, iniciei-me como pintor, contra a
vontade de meu pai, em 1488, quando tinha apenas 13 anos no atelier do
prestigiado pintor florentino de frescos Domenico Ghirlandio. Fora
acordada uma aprendizagem coma duração de três anos, mas desisti ao fim
de apenas um. Os meus desenhos superavam os do mestre.
NP - E onde começou a esculpir?
MA - Comecei nos jardins dos Médicis perto de São Marcos.
NP - Sente que foi aí que começou mesmo a fazer aquilo que gosta?
MA - Sem dúvida! O próprio trabalho em escultura nos jardins dos Médicis.
Os Médicis interessaram-se pelo meu talento, principalmente de Lourenço
Médicis. Este trabalho troce-me benefícios, visto que fui viver para o
Palácio de Médicis como convidado. Mas Lourenço acolheu-me como um
filho, tornando-se o meu primeiro patrono de relevo. Aí pude ainda
estudar as obras da Antiguidade. Aí conheci Francesco Granacci, um
colega dos jardins de São Marcos. Aí surgiram as minhas primeiras
esculturas, eram dois relevos em mármore: A Madona da Escala e A Batalha
de Centauros.
NP – Muitas vezes, mesmo durante a sua infância, esteve rodeado e
pintores, pensa que isso possa ter influenciado a sua escolha para as
artes?
MA – Penso que em parte sim e em parte não, a arte corre-me nas veias,
como todos têm um dom, eu tenho este e em criança sempre tive pouco
interesse pela escola, em vez disso, passava o tempo a desenhar ou a
conviver com pintores.
NP – Houve alguém que demonstra-se pouco interesse pela sua profissão?
MA – Sim claro! O meu pai nunca concordou muito com a minha decisão...
NP – Por alguma razão especial?
MA – Talvez por orgulho, como a família estava ligada à alta burguesia,
o meu pai considerava que a profissão de artista na se coadunava com a
minha posição social, sabe, no século XV os pintores e escultores ainda
eram vistos como artesãos... Só no século XVI é que a minha posição
social e o meu prestígio se transformaram. Não só as capacidades
artesanais dos pintores e escultores passaram a ser apreciadas, como
também a nossa expressão criativa e as ideias artísticas.
NP – Onde aprendeu as bases da técnica do fresco?
MA – Aprendi com o mestre Ghirlandaio, visto que o mestre estava a
trabalhar num monumental ciclo de pinturas da parede para a rica família
florentina Tornabuon. Esta técnica, em que a cor tem de ser aplicada ao
reboco ainda fresco, adequava-se particularmente a pinturas sobre
grandes extensões o aspecto mais importante desta aprendizagem foi,
porém, o desenho.
NP – O Miguel Ângelo sempre demonstrou um grande interesse pelo corpo
humano? Tem alguma razão especial?
MA – numa época como o renascimento em que se cultivava o conhecimento
do corpo humano, todos tínhamos interesse em conhecer o corpo humano a
nível físico e mental, Estudava, sobretudo a profundidade de campo e o
corpo humano, uma vez que a perspectiva e a anatomia ainda eram enquanto
motivações do séc. XV, o centro dos interesses artísticos.
NP – o que fez para melhor conhecer o corpo humano?
MA – Eu? Apenas observei e diz várias dissecações a corpos humanos para
conhecer o interior físico humano.
NP - Miguel Ângelo ficou a ser um dos homens mais ricos da época, porque
razão?
MA – ao contrário do que muita gente pensa, eu não enriqueci apenas com
o dinheiro das minhas obras e do meu ordenado, como a cidade de
Florença, que no séc XV pertencia aos centros de comércio e cultura mais
importantes da Europa a minha família constituiu a sua fortuna,
sobretudo através de negócios bancários e comerciais. Logo, como não
tinha sucessores grande parte dessa fortuna veio para mim.
NP – Por volta de 1501, Miguel Ângelo foge de Florença para Bolonha,
porquê?
MA – Após a morte de Lourenço de Médicis, o seu filho Piero assumiu o
poder em Florença, em 14952 se não estou em erro. Contudo, Piero não se
conseguiu impor contra a influência crescente do fanático frade
dominicano Girolamo Savonarola, nem é capaz de impedir a invasão, em
1494, das tropas francesas de Carlos VII. Por fim é expulso pelo povo
indignado.
Sendo protegido pelos Médicis, encontrava-me igualmente em perigo.
Assim, pouco tempo antes da colusão dos tumultos, eu com dezanove anos,
fugi da minha cidade natal, uma vez que Savonarola e os seus seguidores,
adversos a excessivas ostentações nas artes, dominaram o ambiente
cultural da cidade.
Parti para Bolonha. Ao fim de um ano regressei, mas por pouco tempo, a
Florença antes de iniciar a minha primeira viagem a Roma, cidade onde se
iria passar uma grande parte da minha vida.
Estive em Bolonha desde 1494 até 1495, e neste ano criei as estatuetas
para o túmulo de São Domingos. Ainda em 1495 criei um São João Baptista
em mármore e o Amor Perfeito em Florença, e ambos, hoje em dia, estão
perdidos...
NP – Quando chegou a Roma?
MA – Cheguei a Roma em 1496, nesta cidade fui apoiado pelo cardeal
Riario e pelo banqueiro Jacopo Galli. Baco e Piéta são as minhas
primeiras obras primas criadas em Roma. Cheguei a Roma quase sem
recursos, mas fui acolhido pelo nobre Gianfrancesco Aldovrandi durante
cerca de um ano.
NP – qual foi o primeiro trabalho que apresentou em Roma?
MA - O meu primeiro trabalho foi... Ah! Foi uma falsificação do Amor
Adormecido
NP – no que consistia a escultura de Baco?
MA – Baco era o deus do vinho, o jovem Baco, de formas corporais
delicadas, evidência traços femininos, Baco procura equilíbrio com
passos vacilantes e o tronco ligeiramente distorcido fixando cálice, na
mão direita, com um olhar irritado.
NP – E Piéta?
MA – Piéta representa a morte em nenhum outro morto se espelha tanto a
morte como nesta figura. E, contudo, todos os seus membros são de uma
requintada beleza. A expressão da face é imensamente doce. E sob a pele
estão reproduzidos de um modo artisticamente consumado. Representa o
momento em que, após a descida da cruz, o Filho morto foi colocado no
regaço da Mãe.
A mão direita de Maria envolve com força o tronco de Cristo enquanto que
a mão esquerda O apresenta, morto, ao espectador e o convida à
veneração.
NP – As suas obras não são só arte são uma mistura de intelecto, com
arte...
MA – Não, sou um simples escultor...
NP – Que acontece depois?
MA – Mais tarde em 1501 regresso a Florença e sou apanhado pela maré de
desconforto político, encaro, agora mais que nunca o meu maior
adversário, Leonardo da Vinci. Recebo a proposta de David e aceito-a
NP – Como classifica David?
MA – David, ao contrário das esculturas de Donatello e de Verrochio, o
David é um jovem atleta, modelado segundo os cânones clássicos do herói
atleta. Represento-o antes do combate, concentrado e inquieto, mas
determinado no combate a Golias. É essa inquietação que enriquece o seu
rosto, de traços clássicos idealizados. David tinha 410 cm, chamavam-lhe
de o «gigante».
NP – Onde começou essa rivalidade com Leonardo da Vinci?
MA – No Outono de 1503 mandaram reunir-me mais Leonardo da Vinci, para
decorar o Salão do Conselho do Palácio Vecchio com representações de
vitórias gloriosas da República florentina, o resultado desta rivalidade
podiam ser óptimas, mas nem eu nem Leonardo acabamos estas obras.
NP – Vamos a um dos mais célebres dos seus trabalhos a Capela Sixtina,
como surgiu a ideia de ser Miguel Ângelo a pintar a abóbada da Capela
Sixtina?
MA - O Papa Júlio II apresentou-me o contracto e eu aceitei, não gostava
de pintar, mas, como pintor tinha que aceitar aquele trabalho até mesmo
por uma questão de orgulho.
NP – Quanto tempo foi preciso para pintar?
MA – Foram precisos cerca de 4 anos, contei com a ajuda de 13
assistentes, mas apenas executaram o trabalho mais fácil, queria que
tudo ficasse perfeito. Na abóbada podemos ver cenas da criação, a
criação de Adão, o conhecido toque entre Adão e Deus, a punição do
homem, o dilúvio.
NP – Bem Miguel Ângelo, ficamos por aqui desde já queria agradecer a sua
presença, e muito obrigado!
Esta entrevista, claro, é fictícia, infelizmente não tive o prazer de
conhecer Miguel Ângelo pessoalmente, se fosse vivo teria agora 528 anos,
e teria feito anos à pouco tempo atrás. Este escultor contou ainda com
esculturas famosas como o túmulo de Júlio II que morreu sem ver a
abóbada acabada, San Lorenzo, a capela dos Médicis, teve ainda trabalhos
arquitectónicos, São Pedro e o tão conhecido Juízo Final na parede da
Capela Sixtina (entre 1536-1541).
Miguel Ângelo ainda escreveu e pintou embora o que marca-se mais a época
de Miguel Ângelo fosse a escultura.
Miguel Ângelo viria a morrer no dia 18 de Fevereiro de 1564 em Roma,
algumas semanas antes do seu octogésimo aniversário.
Miguel Ângelo defendia que a escultura era a mais rica de toda as artes.
A pintura deveria imitar a plenitude das formas esculpidas e a
arquitectura devia possuir as qualidades orgânicas da figura humana.
Para a execução de dos seus trabalhos Miguel Ângelo escolhia os blocos
virgens de mármore nas pedreiras de Carraca.
Ele afirmava que Mármore era a sua maior paixão.
Miguel Ângelo artista impar, cujos trabalhos de gigante nenhum outro os
poderia conceber não teve sucessores, ninguém esculpiu ou pintou como
ele, mas a sua obra perdurou através dos tempos, criou uma escola,
porque todos aprendem com ele.
Entrevista a
Nicolj Kopernik
Copérnico , como lhe chamamos , foi um dos mais consagrados astrónomos
mundiais . A fronteira entre a astronomia antiga e a moderna foi marcada
pela hipótese copernicana .
RM – Nicolaj Kopernik , gostaria de saber um pouco mais acerca da região
onde nasceu e também sobre os seua pais .
NK – Bem , primeiro boa tarde a um português tão sabedor e venturoso
para atravessar a Europa .
Então vou falar um pouco de mim .Nasci em Porum , na Posmânia , que é
uma região polaca à margem do Vístula .Meu pai foi casado com minha mãe
, que era uma rica aristocrata .Ele empregou o seu dote na expansão dos
negócios e , quando nasci , a minha família gozava de uma alta protecção
local .Aos dez anos de idade fiquei órfão de pai e meu tio materno ,
rico e poderoso , assumiu a nossa tutela .Depois , aos 18 anos , com uma
formação básica em escola religiosa , matriculou-me na Universidade de
Cracóvia , para estudos mais amplos de letras e menores de matemática .
RM – Portanto Kopernik tinha um sonho em mente , quando o seu tio
movimentou o seu sonho .
NK – Exactamente ,meu tio preferia que eu seguisse uma carreira
eclesiástica . Recebi ordem dele e soube que as gestões políticas se
processavam para dar-me o canonicato de Frauhenburg .
RM –Pelas informações que obtive , Kopernik foi para Itália, certo ?
Quais foram as disciplinas que estudou ? e conte-nos da sua primeira
observação astronómica .
NK – Aperfeiçoei os meus conhecimentos e com 24 anos parti para Itália a
fim de estudar medicina ,astronomia e arte , pois posso considerar-me um
pintor razoável .Os meus primeiros studos foram na Natio Germanorum , de
Bolonha e aí conheci um colega que me ajudou muito , chamava-se Dominico
Navarro. Era 17 anos mais velho do que eu , mas deu-me uma grande ajuda
em astronomia e com ele olhei as estrelas pela primeira vez , a 9 de
Março de 1497 , a estrela de Aldebavan .
RM –Porque foi feito cónego de Frauenberg ?
NK – Primeiro foi porque eu já estava preparado para o ser e ,sem saber
, fui eleito cónego quando estava em Bolonha a estudar .O meu tio
substituiu-me na cargo durante a minha ausência .
RM – Quando foi que se interessou pelo Grego ?
NK –Nunca pensei que o grego viria a ser tão importante , mas foi em
Itália que me apaixonei pelo idioma grego .
RM – E quando é que completou os seus estudos ?
NK – Bem , então fui para a Universidade de Pádua , onde durante quatro
anos estudei leis , teologia e medicina . Em 1504 , quando voltei à
Polónia em definitivo , estava com conhecimentos de matemática ,
astronomia , medicina , teologia ,línguas clássicas e direito . A minha
formação estava completa .
RM – Quando assumiu o cargo político do seu tio ?
NK – Assumi em 1516 a diocese que havia sido de meu tio e servi nela até
1521 ,
RM – Quando é que começou a dar mais atenção à sua inovadora teoria ?
NK-Desde 1521 que o sistema geocêntrico de Ptolomeu me parecia
insatisfatório , as minhas observações pareciam desmentir a teoria , o
que me forçava a rever arranjos de deferentes e epiciclos. Um deferente
é um círculo imaginário em volta da Terra , em volta do qual se movem os
astros , o epicíclo é o círculo imaginário em que o planeta se move , de
cujo centro se desloca ao mesmo tempo sobre a circunferência de um
círculo maior . Isto fazia-me ver que havia algo errado no sistema
ptolomaico ,para tentar descobrir o erro , li todos os trabalhos de
Ptolomeu ,em grego . Calculei que as órbitas dos planetas eram
circulares e apercebi-me que o Sol era o centro do Universo , tudo
passou a fazer sentido .Como o geocêntrismo era um artigo de fé , não
era só um preconceito científico , costumo dizer que o cónego guardou
para si o que o cientista descobriu .
RM – E nunca chegou a discutir com ninguém ?
NK – Discuti , secretamente , o assunto com discípulos e amigos . A
maior parte deles insistia para que eu publicasse , só que não o fiz .
RM – Muito obrigado , Nicolj , vou seguir para a Europa para continuar
os meus estudos.
1503 – Ricardovski Mendenov
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