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Epher, o camponês
Sabem como é quando temos de fazer um trabalho, mas não
nos apetece nada? Bem, era assim que eu me sentia. Não queria mesmo nada
fazer aquele trabalho sobre algum momento importante da história,
principalmente porque a minha irmã tinha gasto outra vez o saldo da
Internet. Bem, como tinha um livro sobre os egípcios fui buscá-lo. Mas
quando o abri parece que abri um portal do tempo e fui literalmente
sugada para dentro dele.
Assim que dei por mim, estava num sítio desconhecido. Parecia uma
pequena casa, composta por tijolos e argamassa. Olhei pela janela
–estava virada para um grande rio, o rio Nilo, O Misterioso – e vi um
jovem camponês a cultivar, mais propriamente a recolher o que tinha
plantado. Assim que entrou tivemos uma longa conversa e, pelos vistos,
fui parar às culturas dele. Como é que falei com ele? Não faço a mínima
ideia. Talvez seja alguma língua universal que o ser humano tem ou
qualquer coisa do género.
Ouviu-se alguém a bater à porta. Será que ele estava à espera de alguém?
Pelos vistos sim! Foi logo buscar um grande cesto com parte do que tinha
plantado, abriu a porta e deu-o ao homem que tinha batido. Não sei como
mas desta vez consegui falar com ele em egípcio! Assim que o homem se
foi embora perguntei ao camponês quem era tal homem. Ele ficou bastante
admirado, deve ter pensado que eu era daquelas tribos estrangeiras, da
maneira como me explicou que era um escriba – homem(s) importante que se
encarrega principalmente a escrever todo o tipo de coisas – que vinha
para lhe pagarem os impostos do rei. De repente, solta-se um grito que
ecoa pela cidade. Ao abrir a porta de madeira, vejo um homem a ser
puxado por guardas. ”Mais outro.” – disse o camponês – “Porque será que
não aprendem? O faraó terá outro escravo.”
- O que se está a passar? Porque o estão a puxar? Não o estão a aleijar?
Não fazemos nada? – estava tão indignada com tal situação! A única
resposta que recebi foi:
- Não podemos fazer nada. Ele não pagou o imposto do faraó por isso será
seu escravo até ao dia da sua morte.
A próxima coisa de que me lembro é de um homem a dizer que tínhamos de
continuar a construção da pirâmide do grande faraó. Acho que a festa foi
no dia anterior. Quando chegámos à zona de construção havia várias
pedras enormes e muito pesadas! Como é que íamos transportar tal peso?
Bem, o trabalho de grupo move montanhas. Com várias pessoas a pedra
sempre se movia.
- Que fazes aqui?
Ups! Já vos disse que as mulheres ficam em casa? Pois é! Este guarda
acabou de me apanhar! Espero que não tenha visto bem a minha cara porque
eu fugi dali a sete pés! Passámos por um grande templo, decidi entrar lá
na esperança de não me encontrarem. Todas as paredes e colunas tinham
desenhos a que se dá o nome de hieroglíficos. Havia oferendas: frutas e
todo o tipo de alimentos conhecidos pelos egípcios. Vi uma enorme
estátua que parecia um humano, excepto que tinha cabeça de animal.
Suponho que seja o Deus protector, o GRANDE Deus protector...
Olhei lá para fora e vi o camponês. Sabem como é que se chama? Epher.
- O que é que estás aqui a fazer? Sabes que isto é um local sagrado. Não
é suposto vir aqui sem uma oferenda ou uma boa razão!
Senti-me mal e, pelo o que ele me disse, perdi os sentidos. Estou doente
e espera-se que eu melhore. Como a medicina não está tão avançada como
nos dias de hoje sou bem capaz de...falecer. Epher está muito preocupado
comigo. Já foi ao templo pelo menos cinco vezes. Sentou-se ao meu lado,
olhou bem para mim:
-Sara – disse com um ar bastante severo – sabes que podes fechar os
olhos e nunca mais voltar a abri-los. Para te dar sorte para a tua
próxima vida eu queria dar-te este ahnk, como símbolo de vida eterna que
tem passado de geração em geração. Espero que o guardes de alma e
coração. Ele deu-me a mão. Fechei os olhos...
Assim que acordei, apercebi-me que afinal tinha sido tudo um sonho, e
ainda tinha de fazer o trabalho! Olhei para o meu colar que tinha um
ahnk igual ao do sonho. Próxima vida...sim, pois!
Meleças, 29 de Novembro de 2004
Sara Félix
7º B
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