IMPÉRIO ROMANO

Lembra-te, Romano, de que esta será a tua missão: governar as nações; manter a paz sob a lei; poupar os vencidos; esmagar os soberbos.”

                                                                                                                    Virgílio

 

Retratos Imperiais

     

ECCE AUGUSTUS

     
             

CALÍGULA

NERO

CÓMODO

RÓMULO AUGÚSTULO

             
algumas imagens foram retiradas de http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/
         
   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ECCE AUGUSTUS, O senhor do mundo

 

 

 

 

 

O nascimento de uma nação

 

 

            Augusto, “Imperator Caesar Divi Filius Augustus, Pai da Pátria, nascido em Roma a 23 de Setembro de 63 a.C., filho de Caio Octaviano e de Júlia, irmã de Júlio César, foi o primeiro dos imperadores que governaram Roma por mais de 400 anos.

 

 

 

               Quando Augusto assumiu o cargo de Imperador, em 27 a.C., Roma tinha já 700 anos de História.

            A lenda da fundação de Roma atribui o facto a dois filhos gémeos de Marte, deus da guerra. Rómulo e Remo, amamentados por uma loba e educados por pastores, fundaram a cidade em 753 a.C. Rómulo matou o irmão e aclamou-se rei, definindo as leis e o governo da cidade. Os seus sucessores mantiveram-se no poder até à morte de Tarquínio, o Soberbo. Esta lenda simboliza a fusão dos povos Latinos, Sabinos e Etruscos na fundação de uma grande povoação, Roma.

            Expulso o rei, em 590 a.C.,  foi proclamada a República. Esta nova forma de governo era presidida por dois Cônsules que exerciam o poder em conjunto com vários magistrados administrativos: Censores (faziam o recenseamento), Questores (recebiam os impostos), Edis (superintendiam mercados, policiamento e limpeza), Pretores (presidiam aos tribunais) e Tribunos da plebe (defendiam os interesses da plebe). Para fazer as leis e eleger todos estes magistrados existia o Senado, assembleia onde só participavam os mais poderosos (patrícios) e suas famílias.

            À medida que se consolidava, a república criou, em Roma, um exército que viria a ser famoso pela sua organização, disciplina e que estendeu o seu poder a toda a Itália,  fazendo da pequena cidade um poderoso estado peninsular.

            A política expansionista de Roma, no Mediterrâneo, encontrou em Cartago uma adversária temível. Esta colónia fenícia protagonizou três Guerras Púnicas e as lutas pela sua submissão deram a Roma, durante 120 anos, pretextos para dominar todos os territórios que rodeiam o Mediterrâneo. Em 146 a.C. os romanos arrasaram Cartago e nasceu, assim, o “Mare Nostrum”. O Mediterrâneo tornou-se um lago romano.

 

 

 

O domínio de povos e culturas tão diversos modificou profundamente o modo de vida em Roma e em todo o império. A vida política evoluiu desde as tentativas de equilíbrio social, propostas pelos senadores Gracos, passou pela ditadura de Sila, pelo consulado de Mário e conduziu à ascensão de Júlio César.       

Caio Júlio César nasceu em 100 a.C., fez carreira no exército e, depois de ter submetido gauleses, helvécios, belgas, vénetas, aquitanos, germanos, bretões, egípcios e ibéricos, recebeu do Senado os títulos de: Ditador Vitalício, Pontífice Máximo e Comandante Supremo dos Exércitos.

          No fim destas guerras, em 47 a.C., este notável estratega passou um mês, em Roma,  a comemorar os seus triunfos com procissões. Os patrícios e o Senado, cuja importância ele ignorou, receosos do seu crescente poder e das suas ambições monárquicas, conspiraram a sua morte. Nos idos de Março (15 de Março) de 44 a.C., segundo o calendário que ele próprio reformara, César foi morto no Senado por um grupo de conspiradores. Entre eles estava Brutus, seu filho adoptivo, a quem terá dirigido as suas últimas palavras:”Tu quoque, Brutus!”(Também tu, Bruto!)   

 

 

 

 

A morte de César marcou o fim da República e abriu caminho a uma nova forma de governo: o Império, e a um novo governante, vencedor da guerra civil que se seguiu à morte de César: Caio Octávio César Augusto.

 

 

 

Caio Octávio César Augusto 

 

            “Tinha olhos claros e brilhantes, que ele gostava que fossem vistos como uma fonte de poder divino. Tinha os dentes um pouco afastados, pequenos e estragados. Manteve-se invulgarmente bonito e extremamente gracioso em todos os períodos da sua vida, apesar de não se ralar com os adornos pessoais.  Não se preocupava muito com o estilo de penteado, a ponto de ter vários barbeiros a trabalharem apressadamente ao mesmo tempo, enquanto lia ou escrevia.”

Suetónio

 

 

   

 

            Nascido no seio de uma família aristocrática (era sobrinho de Júlio César), participou em várias expedições militares até regressar a Roma em 44 a.C. para vingar a morte do tio e assumir a sucessão.

            Ao chegar a Roma, encontrou o poder dividido entre os cônsules Marco António e Emílio Lépido, que tentavam dominar o Senado e o partido senatorial. Os dois cônsules, dado que ele tinha sido adoptado como herdeiro por César, propuseram-lhe a partilha do poder através da formação de um triunvirato. O Oriente do Império pertenceria a Marco António, o Ocidente a Caio Octávio, a África a Lépido. Perspicaz e cauteloso, aceitou esta partilha do poder em, 43 a.C., enquanto consolidava a sua posição política e militar.

 

 

 

            Restava Marco António. Este vivia no Egipto, com Cleópatra, como um monarca helenístico e não como um comandante romano. Tal comportamento desagradava ao Senado, que o apoiou na sua incursão contra o exército do rival. Em 31 a.C., na batalha de Actium, as tropas de Marco António foram derrotadas e ele suicidou-se. O Egipto passou a ser uma província romana e os cofres do Império receberam o tesouro dos Ptolomeus.

Caio Octávio era, assim, o único aspirante a senhor do mundo romano.

            A habilidade e prudência que revelou durante todo o seu governo, evitaram que cometesse os erros de avaliação do seu pai adoptivo e antecessor. Respondeu aos anseios de paz civil do povo romano, entregando o poder ao Senado. Este insistiu para que ele não deixasse o Estado na anarquia e se mantivesse no poder. Aparentemente, o poder era partilhado pelo Senado e por Caio Octávio. Na prática, o título de Imperador (40 a.C.) e de Augusto (27 a.C.) assinalavam a sua posição como comandante militar supremo e sagrado. O exército passou a jurar-lhe fidelidade e ficou na sua exclusiva dependência.

 

Ao poder que ele lhe garantia, juntou o da Guarda Pretoriana. Esta era um corpo militar composto por nove Coortes (500 a 1000 homens), constituídas por militares de elite, cuja única função consistia em proteger o Imperador.

 

 

            A verdadeira vitória de Augusto foi ter consolidado a sua posição de chefe de estado absoluto, com plenos poderes atribuídos pelo Senado, sem que os senadores sentissem a sua importância diminuída. Sem qualquer ameaça de guerra civil, o império iniciou um período de paz e prosperidade (Pax Romana) que permitiu a sua completa romanização. Tão notável foi a acção deste imperador que ainda hoje designamos o período em que viveu como “Século de Augusto”.

            As reformas que implementou começaram com a reconstrução da cidade de Roma. Templos, edifícios públicos, termas, estradas, abastecimento de água, foram renovados e ampliados. Apesar de ter encontrado uma cidade de tijolo e a ter deixado construída em mármore, Augusto não edificou para si uma habitação sumptuosa.   A sua residência, no Palatino, era grande, mas muito simples. Esta simplicidade revelou-a também na vida quotidiana. Fazia refeições frugais, acompanhadas de vinho diluído em água. No vestuário, a sua maior extravagância era o engrossar da sola dos sapatos para parecer mais alto.

            A renovação arquitectónica, iniciada na capital, estendeu-se a todos os territórios graças às movimentações das legiões que transportavam a cultura de Roma e a divulgavam em latim, língua oficial e de comunicação em todo o império. As deslocações e fixação de militares nas províncias eram facilitadas pela extensa rede de estradas que cruzava todo o território (Todos os caminhos vão dar a Roma).  

            Na cultura, Mecenas, um governante de Augusto, protegeu financeiramente literatos e artistas, possibilitando o florescimento de Virgílio, Horácio e outros escritores. O nome deste governante ainda hoje simboliza o auxílio aos homens de letras, artes e ciências.

            Para administrar um território tão vasto e complexo, os magistrados conceberam um complexo conjunto de leis, o Direito Romano, que é a base de muitos sistemas jurídicos modernos. Por todo o império, os tribunais e os magistrados eram obrigados a interpretar e aplicar as leis necessárias ao julgamento de crimes e ao funcionamento da administração.

            O fomento do progresso tranquilo das províncias exigiu uma profunda reforma do governo/administração imperial. As províncias senatoriais e imperiais passaram a ser governadas por senadores que tivessem dado prova de aptidão para o cargo e o seu mandato dependia do trabalho realizado e não da influência política. As elevadas retribuições destes governantes e o controle dos impostos pelo imperador evitavam tentações de rapina e diminuíram substancialmente as dificuldades económicas do Estado.

            Os antigos padrões sociais e morais dos romanos foram promovidos por Augusto, embora ele não tenha sido um modelo nos seus assuntos privados. Denunciou no Senado o comportamento imoral e adúltero da sua filha Júlia, exilou-a para uma ilha no Mediterrâneo, mas manteve uma longa lista de amantes e a reputação de mulherengo inveterado. Apesar destas contradições, durante os quarenta anos do seu governo dignificou as virtudes tradicionais de Roma: carácter, honra, lealdade, frugalidade, coragem e obediência à autoridade.

            Nos últimos anos de vida, Augusto retirou-se da vida pública e viajou para Capri. Morreu de doença, em Nola, a 19 de Agosto de 14. Ao contrário de César, a sua morte não provocou qualquer luta interna. Sucedeu-lhe Tibério, filho da sua mulher Lívia, que ele adoptara como herdeiro.

 

http://www.roman-britain.org/people/augustus.htm

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Calígula

37-41

 

 

            Caio César Augusto Germânico, passou à História com a alcunha de Calígula. Esta designação (botinhas) foi-lhe dada pelas legiões do Reno e correspondia às botas usadas pelos soldados, caliga.

            Pertencia à família de Augusto, era sobrinho-neto de Tibério, mas o seu reinado esteve muito aquém do do seu antepassado.

            Instituiu uma monarquia divina de inspiração oriental e conduziu a política interna e externa ao sabor das suas alucinações doentias. Os 3 000 milhões de sestércios deixados por Tibério foram gastos em construções extravagantes e jogos de circo tão grandiosos quanto cruéis. O governo central e das províncias foi neglicenciado, pelo que a única coisa que prosperou em todo o império foi a corrupção. No plano externo, a situação não era melhor. Até a tentativa de conquista da Britânia, levada a cabo pelo próprio imperador, redundou em fracasso.

Para tentar compensar estes desastres, aumentou os impostos e confiscou bens aos patrícios. Estas medidas aumentaram o descontentamento do Senado e conduziram à conspiração da sua morte, em 41. As suas cinzas foram, posteriormente, depositadas no Mausoléu de Augusto.

 

“É tudo sobre Calígula como imperador; falemos agora da sua carreira como monstro.”

                                                                                  Suetónio, vida de Calígula

 

            Se pouco há a dizer sobre o governo deste imperador, muito ficou registado sobre a sua loucura e maldade.

            O terceiro imperador de Roma teve a infância marcada pelo assassínio da mãe (Agripina) e de dois irmãos. Estas tragédias, conjugadas com uma presumível epilepsia,  moldaram um tirano sanguinário, de quem Tibério disse: “estou a educar uma víbora para o povo romano”.

            Ao seu hábito de beber pérolas dissolvidas em vinagre, juntava-se o gosto pelas corridas de quadrigas e a participação nos jogos de circo como gladiador trácio. Para o seu cavalo de corrida, Incitatus, construiu um estábulo de mármore com manjedouras em marfim. Oferecia jantares em seu nome e , supostamente, pretendeu dar-lhe o cargo de cônsul.

            Embora tenha casado quatro vezes, manteve uma relação incestuosa com a irmã, Drusila.

            Tendo assassinado todos os que se lhe opunham ou constituíam uma possível ameaça, acabou golpeado por oficiais da sua guarda pretoriana.

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nero

54-68

 

            Lúcio Domício Enobarbo, um dos mais cruéis imperadores de Roma, era sobrinho de Calígula. Filho de Agripina, foi adoptado pelo imperador Cláudio como seu sucessor, tendo então recebido o nome de Nero Cláudio César Augusto Germânico.

            Os primeiros anos do seu governo foram tranquilos e promissores. Actuando sob orientação do filósofo Séneca e de Âfranio Burro, ofereceu donativos à guarda pretoriana, prometeu ao Senado cumprir os princípios de Augusto, fez a paz com o império Parta e reconquistou territórios perdidos pelo seu antecessor.

            Depois desta moderação, que lhe granjeou a admiração do povo, revelou a loucura patológica que também tinha caracterizado a actuação do tio, Calígula.

            Em 59 mandou matar a mãe, que o usava para governar o império. Esta não seria a sua única vítima, pois matou também duas esposas e um sem número de pretensos opositores.

            A sua actuação como governante do império foi substituída por actos excêntricos e espectáculos de circo.

        Manteve dois amantes homossexuais, participou nos Jogos

Olímpicos (tendo subornado juízes e atletas), compôs canções que cantou em espectáculos públicos ao som de uma lira e assistiu, deleitado, ao incêndio de Roma. Embora tenha sido acusado de ser o autor desta calamidade, lançou as culpas aos cristãos e aproveitou o espaço tornado disponível para construir o seu novo palácio, a domus áurea.

            Estes excessos e a má administração do império conduziram as finanças à bancarrota, tendo Nero aumentado os impostos e executado patrícios para lhes confiscar as riquezas. Pela segunda vez na História do império, os senadores e a guarda pretoriana uniram-se para eliminar o imperador. Resistiu a uma conspiração em 65, mas não conseguiu superar a revolta do governador da Gália( Júlio Vindex) e o abandono dos oficiais da guarda pretoriana. Suicidou-se, em 68, frente aos soldados que o iam prender. O seu corpo foi sepultado no monte Píncio, no túmulo da família do pai.

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cómodo

180-192

 

              César Lúcio Aurélio Cómodo Antonino Augusto, “mais selvagem que Domiciano, mais louco que Nero”, foi retratado no filme O gladiador. Filho do respeitado imperador Marco Aurélio, não herdou a sua sensatez e inteligência.

            Por morte do pai, assumiu o poder aos 18 anos, em 180, e cedo revelou um carácter tresloucado e megalomaníaco. Delegou o poder em vários adjuntos, para se dedicar a vícios sexuais depravados e exibições, como gladiador, no coliseu.    Ver filme.

            Considerava-se Hércules e usava uma pele de leão e uma matraca, nas suas raras aparições em público. Vítima de vários atentados, rodeou-se de um forte corpo de guardas pretorianos e mandou assassinar reais e pretensos conspiradores. A sua irmã mais velha, Lucilla, não assistiu à sua morte, ao contrário do que é apresentado no “gladiador”, ela foi executada por ter instigado uma tentativa de assassínio.

        Esquerdino, participou pessoalmente em vários jogos realizados no coliseu. Disfarçado de Hércules, nos jogos de Novembro de 192, lutou como gladiador e matou vários animais domésticos e selvagens. Ameaçou os senadores exibindo uma cabeça de avestruz e uma espada ensanguentada. Com este gesto assinou a sua sentença de morte, pois, para salvar as suas vidas, os visados envenenaram-no e estrangularam-no, nesse ano. O corpo deste digno sucessor de Calígula e de Nero foi sepultado no Mausoléu de Adriano.       

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RÓMULO AUGÚSTULO

475-476

 

            O império romano cresceu dominando os povos estrangeiros (bárbaros) que o delimitavam e extinguiu-se quando estes o invadiram.

            Desde o séc. I, Roma assimilou pacificamente os conquistados, transmitindo-lhes a sua cultura e modo de vida. Os bárbaros trabalhavam para os romanos, entravam nos mais altos cargos administrativos e serviam no exército, dada a escassez de tropas para controlar as fronteiras.

            As infiltrações pacíficas foram substituídas por invasões, a partir do séc. IV. As investidas de Visigodos, Vândalos, Godos, Anglos, Francos, Hunos, afundaram a economia do império e desorganizaram as instituições políticas. O poder imperial caiu na mão de generais ambiciosos e sem escrúpulos.

            A partir da altura em que os comandantes estrangeiros , bárbaros, começaram a intervir na vida política romana, elegendo e assassinando imperadores, o fim do império romano estava traçado. Em 476, o vastíssimo território estava limitado à Itália e Sicília, quando foi conquistado por Odoacro, chefe dos Hérulos. Rómulo Augústulo, o último dos imperadores, abdicou e retirou-se para a Campânia. Odoacro intitulou-se Rex Germanorum Italiae, enterrando o império romano do ocidente.

 

 

   

 

 

 

 
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Professores: António Farinha, Conceição Piedade, Margarida Dias e Sandro Barão