|
Pedro
Nunes
Introdução:
decidimos escolher Pedro Nunes, porque era uma personagem marcante na
história da matemática, sendo esta muito importante para o
desenvolvimento da humanidade.
Pedro
Nunes, foi matemático,
cosmógrafo e professor da Universidade de Coimbra (1502-1578).
O que o permite destacar na cultura renascentista é o facto de ter sido
o único professor da Universidade a enfrentar resolutamente as questões
da filosofia natural, tal como foram equacionadas pela dinâmica dos
Descobrimentos, contribuindo poderosamente para introduzir o rigor da
geometria e da matemática no horizonte da cultura portuguesa do século
XVI, fazendo questão de o expressar de forma explícita no De crepusculis
à «maioria dos filósofos do nosso tempo, que consideram de somenos o
conhecimento da matemática».
Possuindo génio especulativo, conhecedor profundo dos tratados gregos e
medievais sobre geometria e matemática, P.N. era cosmógrafo, emprego que
o obrigou a trabalhar de forma muito estreita com os pilotos e
navegadores portugueses que na altura sulcavam os mares do mundo.
O âmbito de utilização da matemática e da geometria já não se
restringia, como na ciência grega, aos fenómenos celestes e ao espaço
supralunar, não sendo agora o espaço infralunar o universo da
imperfeição e da imprecisão. Legitima-se portanto a utilização
sistemática da linguagem do cálculo e da demonstração aos fenómenos da
natureza, tanto no plano da astronomia (que Pedro Nunes depurara de
ficções astrológicas, ao escrever no De crepusculis que mais não eram do
que uma «crendice vã e quase rejeitada que emite juízos sobre a vida e a
fortuna»), como no da geografia e da náutica, arrostando de frente com
práticas por estimativa e com a justamente designada «estrutura do mundo
do mais-ou-menos», revelando P.N. nos seus prefácios o quanto era forte
a resistência dos pilotos a superarem antigos hábitos de imprecisão,
rindo-se dos seus cálculos e não aceitando de ânimo leve a intromissão
da geometria no universo dos seus saberes por estimativa.
No entanto, foi em virtude dessa particular atenção perante as questões
práticas, que Nunes não se alçou à definição de métodos gerais de
investigação. De facto, ainda não encontramos nos seus textos a
concepção da matemática como linguagem capaz de nos levar à explicação
global do universo, nem a teorização do modo como actua a matemática.
A história da matemática em Portugal esteve no seu início, precisamente
através da obra de Pedro Nunes, profundamente ligada à ciência náutica,
sendo o seu papel entendido como o de uma ciência de que o espírito se
serve para, «explicar claramente» os assuntos, «mediante princípios
certíssimos e evidentíssimos» .
P.N. tinha consciência da "pressão" da utilidade prática sobre o teórico
e o especulativo, bem como do tipo de público a que se dirigia, razão
por que deu grande ênfase à facilidade de aprendizagem e de comunicação,
escrevendo, em momento revelador do seu Libro de Álgebra e referindo-se
aos contadores da Fazenda Real : «vendo eu quanto seja útil para o uso
destes homens esta arte que trata de números e medidas, pretendi nesta
minha obra que, sem preceder doutrina especulativa, na qual se gasta
mais tempo, a possam per si aprender e em pouco tempo, e facilmente, sem
mais ajuda de mestre». O mesmo viria a suceder com o seu Tratado da
Esfera, ao justificar escrevê-lo em português, pois nele se incluíam
princípios que deve ter qualquer pessoa que em cosmografia deseja saber
alguma coisa.
Em todo o caso, o que pretendemos expressar é que a obra de Nunes,
possuindo embora um vincado pendor especulativo que o prende num diálogo
fecundo aos tratadistas clássicos, não foi movida pela preocupação
desinteressada de explicar o sistema do universo no âmbito de uma
investigação fundamental, mas sobretudo pela motivação de garantir o
sucesso imprescindível dos Descobrimentos.
A herança sobre que trabalha é muito vincadamente a dos cosmógrafos e
filósofos antigos, com destaque para Ptolomeu, Aristóteles e Euclides,
embora sempre sem enjeitar a descoberta de novas bases de conhecimento e
novas e mais rigorosas formas de demonstração: «o meu método de
demonstração é, por vezes diferente do empregado pelos antigos e doutos
autores», confessa no De crepusculis.
Quanto a Copérnico, cuja obra P.N. conhecia bem, devemos ter em conta
que as suas concepções só viriam a ser reconhecidas mais tarde, através
das descobertas científicas de Galileu. Em todo o caso, não deixa de ser
sintomático o extremo cuidado com que P.N. se lhe refere, sem nunca se
pronunciar sobre a falsidade ou veracidade das suas doutrinas, sendo
certo que nunca enjeitou formular juízos dessa natureza.
Temos o Tratado da Esfera (1537), tradução para português do De Sphera,
obra cuja importância se adivinha por ser um resumo da Almagesto de
Ptolomeu e dos Elementos de Astronomia de Alfragano, representando assim
um manual didáctico das noções fundamentais de cosmografia e astronomia,
à maneira das summulae medievais. No entanto, P.N. pulverizou o texto
com numerosas anotações e comentários pessoais, tanto de rectificação,
esclarecimento e actualização do texto, como de erudição e de crítica.
O volume do Tratado da Esfera contém ainda mais dois opúsculos,
constituindo traduções anotadas e comentadas. No primeiro caso temos as
versões da Teórica do Sol e da Lua, de Jorge Purbáquio, e do Livro I da
Geografia de Cláudio Ptolomeu. No caso das obras propriamente originais,
começamos por referir dois escritos modelares quanto ao tipo de
colaboração entre o seu génio de geómetra e de cosmógrafo e a prática
dos pilotos. Referimo-nos ao Tratado de Certas Dúvidas de Navegação, e
ao Tratado em Defensão da Carta de Marear.
Nestas obras Nunes ocupa-se das célebres linhas de rumo (loxodromias),
tal como das cartas hidrográficas planas e do regimento da altura, temas
que viria a aprofundar ao longo da sua vida, elaborando-os depois já não
em português mas em latim, dirigindo-se já não apenas aos pilotos, mas
também aos sábios da Europa.
Entre as obras originais de grande vulto devemos destacar o De
crepusculis (1542), onde, como refere, «meditando e investigando
descobri coisas que em parte alguma li, e não mereciam crédito se não
fossem demonstradas», referindo-se ao seu estudo sobre a variação da
duração do crepúsculo em diferentes zonas climáticas do globo,
oferecendo-nos aqui uma elaborada consideração científica, por via da
demonstração geométrica, de problemas de filosofia natural.
O que estava em causa nesta obra era demonstrar três questões essenciais
que o fenómeno dos crepúsculos suscitava:
1- determinação da
duração do crepúsculo, num dado lugar da terra e para uma dada posição
do sol;
2- determinação da
variação dos crepúsculos com a latitude dos lugares e com a declinação
do sol;
3- determinar a duração
do crepúsculo mínimo para um dado lugar da terra.
Entre as descobertas técnicas que dessa colaboração resultaram na obra
de P. N. deve destacar-se, para além do anel graduado (indicando o valor
dos ângulos expresso em graus, estando os quadrantes divididos em 45, em
vez de 90 partes iguais), o instrumento de sombras (destinado a medir a
altura do sol), e o nónio, destinado a medir fracções do grau, o qual,
associado ao astrolábio, viria a revelar-se de grande utilidade para a
ciência náutica portuguesa.
Conclusão:
Com este trabalho ficámos a conhecer melhor a vida e as obras do famoso
Pedro Nunes, tal como a evolução da matemática.
Bibliografia:
Este trabalho foi realizado com a ajuda do livro: História de Portugal
de José Mattoso
Trabalho realizado por: Filipa Pereira, Maria Tomaz, 8ºE
|
|