Era uma vez uma casa que se situava num pântano. Todas
as pessoas diziam que estava assombrada, e que à noite
se ouviam barulhos estranhos.
Num Inverno gelado, passou
por ali um emigrante, e como estava com frio foi-se
abrigar na casa.
Quando
entrou, ouviu:
-
Boa noite, o meu nome é Helga. Posso
ajudá-lo?
Era uma
senhora com uma expressão viva, os olhos escuros, o
nariz salpicado de sardas e um aspecto pálido. O homem
sentou-se numa poltrona, e olhando à sua volta
respondeu:
-
Sim, obrigado! O meu nome é Artur e
preciso de abrigo para esta noite.
O lume crepitava na
lareira e um pequeno ruído assustador, veio do andar de
cima.
No chão, havia pequenas
aberturas de onde saía um líquido vermelho, semelhante a
manchas de sangue.
De repente,
uma voz medonha e uivante ecoou no salão. Uma mancha
branca suspensa no ar surgiu de rompante. Era, sem
dúvida, um fantasma deveras assustador. O homem estava
amedrontado com o seu aspecto e com os ruídos
tenebrosos. Num instante, o homem dá um salto da
poltrona e corre para a cozinha. A mulher aflita vem ao
seu encontro e pergunta:
-
O que se passa senhor? Parece tão
assustado!
-
Um, um fan... fantas... fantasma –
gaguejou o homem assustado.
A mulher
pareceu ignorá-lo e, para o acalmar ,ofereceu-lhe uma
sopa quente e um chá de camomila.
Reconfortado,
o homem seguiu para o quarto que Helga lhe indicara
durante o jantar.
Cansado e ainda meio
assustado, caiu na pequena cama de madeira cobrindo-se
com um velho e remendado lençol.
Aos primeiros
raios de sol, o homem acordou apreciando em seu redor o
aspecto descuidado do quarto onde dormira. O pó
acumulava-se em camadas espessas na mobília antiga; as
cortinas da janela estavam escuras e com grandes
buracos.
Na parede
oposta à da cama, o homem viu um pequeno espelho.
Avançou sobre ele e, ao olhar-se, viu reflectida a sua
imagem, cansada e com grandes olheiras.
Procurou
afincadamente retocar a sua imagem. Quinze minutos
depois, descia as escadas em direcção à cozinha.
Havia mais
alguém além de Helga. Uma bonita mulher, de lindos
cabelos loiros, surge à sua frente.
-
Esta é Maria, a minha filha – afirmou
Helga com um sorriso nos lábios.
-
Olá, muito prazer! Eu sou Artur, e
pernoitei hoje aqui – respondeu timidamente o homem.
Durante o
pequeno-almoço, o homem ouviu da boca de Maria a
história de um fantasma que era muito ciumento e a
mantinha presa naquela casa, não permitindo a entrada de
quaisquer estranhos.
O homem
começou então a perceber que o fantasma o tinha
assustado na véspera para que ele fugisse e não pudesse
conhecer Maria.
Artur pensou
num plano, e quando a noite chegou, o fantasma
reapareceu. Mas antes que se ouvissem os gritos do
fantasma, o homem deu um salto no meio da sala e gritou:
-
Eu sou o novo homem desta casa e não
tenho medo nenhum de ti. Se voltas a aparecer faço-te em
pó.
Após estas
palavras, o fantasma subiu para o telhado da casa e
nunca mais apareceu.
Helga, em
sinal de gratidão, deu a mão da sua filha em casamento.
Artur e Maria casaram e
viveram felizes na casa que deixou de ser assombrada.