Um dia, quando andavam a passear no bosque a cavalo, o
criado viu uma raposa e logo comentou :
-
Lá na minha terra, vi um
dia uma raposa ainda maior do que esta , quase parecia
um cavalo.
O rei que
tinha uma grande sabedoria disse :
-
Sabes há pouco tempo li
num livro que quem anda a cavalo tem que ter muito
cuidado, para não pregar nenhuma peta.
Porquê meu
amo? – perguntou o criado de imediato.
- Os
cavalos são seres muito inteligentes e, como têm orelhas
grandes, ouvem tudo muito rapidamente, detectando
facilmente quando o cavaleiro que o monta está a mentir
e, como consequência disso, as orelhas transformam-se
progressivamente em asas que, ao fim de sete mentiras,
levantam voo sem saberem como voltarem à terra.
O criado
ficou atrapalhado e dali a bocadinho disse ao amo:
-
Tão grande como o cavalo
não seria a raposa, mas era assim como um boi muito
grande.
O amo não
lhe respondeu e o criado, que ia cavalgando atrás dele,
coçava a orelha, muito nervoso.
-
E talvez nem chegasse ao
tamanho dum boi; como um burro é que ela era, ou como um
cão, pastor alemão.
O criado
pôs-se a tremer. E foi então dizendo:
-
Era como um cão, era assim
como um cão pequeno.
O pobre
criado, já a voz se lhe sumia de todo, quando
acrescentou, saltando do cavalo para fora:
-
A verdade, a pura verdade,
é que a raposa era como todas as raposas.
O rei, ao
vê-lo no chão, perguntou-lhe :
Então o
cavalo está com algum problema?
-
Não senhor- respondeu-lhe
o moço. - Sou eu que não me atrevo a montá-lo.