A história de Maria

 

          Há algum tempo, morava na Praia das Maçãs, num belo casarão, uma rapariga loira, de olhos claros e esbelta. A menina de nome Maria, vivia com os seus pais, e sendo filha única foi sempre muito mimada. Foi educada dentro de casa, nunca frequentou uma escola. Apesar disso, tinha actividades extra - curriculares, tais como lições de piano. Era uma excelente aluna, muito doce e gentil . Talvez fruto da falta de experiência de convívio, fosse um pouco infantil. Lia histórias de contos de fadas, histórias de amor, as quais não compreendia, mas com as quais sonhava poder viver. Quando não lia ou estudava, passeava pelos jardins que envolviam a sua casa. Eram de tal modo grandes que todas as vezes que lá passeava descobria um novo sítio. Sempre fora assim ao longo dos seus dezoito anos de existência.

         No seu décimo nono aniversário, ela desejou voar mais alto, desejou conhecer para além dos muros do palacete. Esse desejo foi-lhe concedido pelo seu pai sob a condição de ela ser acompanhada por uma escolta de dois guardas. Ela disse que aceitava, mas que essa escolta teria de ser feita a, pelo menos, seis metros de distância dela, e assim foi.

        Dias que se seguiram, sob um quente sol de Verão, ela saiu de casa acompanhada pelos capangas e, aconselhada pela mãe, foi visitar e conhecer a Serra de Sintra. Chegada lá, a cada passo que dava, a cada canto que observava, ela ia-se sentindo cada vez mais maravilhada. Subiu toda a serra, deixando a melhor maravilha para o fim, o Palácio da Pena. Colocou-se na fila das bilheteiras, a sua cabeça parecia uma ventoinha, de tanto que girava de um lado para o outro e, quando finalmente parou e olhou em frente,  na direcção das bilheteiras, ela viu-o! Viu um rapaz lindo, moreno de olhos castanhos de ser pouco notável. Ela reparou num sinal que ele tinha no rosto, perto da orelha. Estava encantada, talvez não fosse só devido à beleza dele, mas também porque ela nunca tinha visto um rapaz, e ainda menos da sua idade. Ficou a admirá-lo até que ele se virou e os seus olhares cruzaram-se por segundos. Ela desviou o olhar e, no momento seguinte, ele disse:

-         Aaa... olá! Eu sou o Miguel! Este é um lugar bonito, não!? – apesar do que disse, parecia ser bastante tímido, ela respondeu:

-         Aaa... sou a Maria. Prazer em conhecer-te. Não sei é a primeira vez que venho aqui.

Ele ficou muito admirado e sorriu, compraram os bilhetes e ele perguntou:

-         Aceitas um gelado? A próxima visita é só às 16h30, temos uma hora!

          Ela docemente respondeu que sim. Sentaram-se numa esplanada, ali perto, sem darem pelo tempo passar. Conversaram toda a tarde, aliás, ele falava e ela ouvia, ela pouco tinha para dizer, era a primeira vez que saía de casa, mas pouco lhe importava, ela deixava-se embalar pela voz do Miguel e sentia-se bem.

-         Maria! Não vais acreditar! São 18h, perdemos a visita!- disse o Miguel. Maria sorriu, não queria saber de nada além dele, no instante seguinte:

-         Menina, desculpe! Mas recebi ordens do seu pai para a ter em casa ás 19h. Tenho de a levar!- disse um dos capangas. Miguel ficou muito surpreendido, ela levantou-se, olhou para ele e esboçou um sorriso triste. Ele estava imóvel, não teve reacção imediata, só quando Maria já ia longe ele gritou:

-         Quando é que te volto a ver? – mas não obteve resposta. Durante a viagem para casa as últimas palavras dele ecoaram na cabeça de Maria.

           Nos dias que se seguiram, Maria não teve vontade de sair de casa, nem de realizar nenhuma das actividades que costumava, não tinha apetite, e à noite custava-lhe muito adormecer, por isso sentava-se na sua cama e ouvia a melodia da sua caixinha de música com uma bailarina que rodopiava sobre a ponta de um pezinho. Numa destas noites, quando a voz de Miguel soava mais alto que todo na sua cabeça, Maria lembrou-se que lhe tinha dado o seu contacto mas que ele não lhe tinha dado o seu, a partir daí a situação piorou, ela ansiava tanto o seu telefonema que não saia de perto do telefone, foi examinada por um médico (sem ter conseguido um diagnóstico) e depois foi examinada pela sua mãe que acertou em cheio:

-         Ela está apaixonada! – disse a sua mãe e de facto era verdade, sem que ela tivesse percebido, Maria estava completamente apaixonada pelo Miguel!

        Chegou, então, o dia que a curaria! Numa tarde, quando ela estava deitada na sua cama, o telefone tocou, era o Miguel! Maria ficou muito contente e correu (com a pouca força que lhe restava) para o telefone. Falaram e combinaram encontrar-se numa esplanada à beira-mar.

         Maria contou-lhe como tinha passado aquela última semana, e para sua surpresa, Miguel disse-lhe que também se tinha sentido assim e depois disse:

-         Maria, eu sei que não te conheço bem, mas podes estar certa que estou apaixonado por ti. Queres namorar comigo?

– Maria soltou um grito de felicidade e disse que sim. Nesse mesmo dia, Miguel foi a casa de Maria pedir ao seu pai que abençoa-se o namoro deles.

           Namoraram por mais cinco anos e depois casaram, tiveram um casal de filhos, viveram felizes e juntos até que a morte os separou, já velhinhos.

            Tal como eles, os seus filhos viveram também uma linda história de amor.

 

 

 
 

Mariana Antunes, 7ºE.

 
  Colégio Vasco da Gama  
     
 

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