4-Regulação nos seres vivos

Os seres vivos estabelecem interações com o meio ambiente. Apesar das alterações externas o meio interno do ser vivo tem de permanecer constante, ou seja, tem de manter a HOMEOSTASIA. Existem, no ser vivo, uma série de mecanismos responsáveis por manter este equilíbrio e são da responsabilidade do sistema nervoso (que possibilita respostas rápidas e de origem eletroquímica) e do sistema hormonal ou endócrino (que possibilita respostas lentas e de origem química) que interatuam e que possibilitam que o ser vivo detete alterações no meio interno e externo e que este responda de forma adequada de forma a manter a sua homeostasia.

Homeostasia (hómios -semelhante  + stasis - situação)

 

4.1. Regulação nervosa e hormonal em animais

Sistema nervoso - O sistema nervoso recebe estímulos do meio ambiente que são captados pelos órgãos sensoriais e responde fazendo que haja uma resposta por parte dos órgãos efetores.

Órgãos efetores- que são constituídos por músculos e glândulas que recebem os estímulos do Sistema Nervoso Central e que atuam no sistema muscular e glandular.

Sistema Hormonal ou endócrino -Produz substâncias químicas, as hormonas, que são transportadas pelo sangue às células-alvo.

Células-alvo- Células que contém recetores específicos para cada hormona.

 

CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso é constituído por células nervosas, os neurónios e divide-se em : Sistema Nervoso Central (SNC), constituído pelo encéfalo e espinal medula, e o Periférico, constituído pelos nervos e gânglios.  [VER]

O sistema nervoso é constituído por dois tipos de células nervosas: as células da glia (neuróglia) e os neurónios e divide-se em : Sistema Nervoso Central (SNC), constituído pelo encéfalo e espinal medula, e o Periférico, constituído pelos nervos e gânglios.

As células da Glia têm como função alimenta os neurónios, protegê-los, sustentá-los e isolá-los. Têm forma estrelada e calcula-se que para cada neurónio existam 10 células de glia.

http://www.infoescola.com/

Os neurónios são constituídos por: Corpo Celular, dendrites e axónio.

O corpo celular é o local onde se encontra o núcleo e os restantes organitos celulares e tem várias ramificações que vão formar as dendrites e o axónio. Localiza-se no Sistema Nervoso Central ou em gânglios.

As dendrites atuam como recetores de estímulos e enviam para o corpo celular.

O Axónio é uma extensão do corpo celular que termina em várias ramificações (terminação do axónio). Produz e conduz os impulsos nervosos para as células seguintes a partir das suas ramificações.

As dentrites recebem o estímulos e passam para os corpo celular que recebe e transmite para o axónio, este produz e conduz os estímulos para as outras células.

 

Os neurónios apresentam duas propriedades para o desempenho das suas funções: a IRRITABILIDADE e a CONDUTIVIDADE.

Irritabilidade- capacidade de responder a estímulos do meio.

Condutividade- capacidade de transmitirem o estímulo de célula nervosa a célula nervosa, ou célula nervosa a outro tipo de célula.

Há dois tipos de neurónios, uns têm o axónio envolvido por uma bainha de mielina (funciona como isolante e confere ao axónio a cor branca) e dizem-se mielinizados e outros não têm (têm cor cinzenta) e dizem-se amielinizados. Nos vertebrados mais evoluídos associado ao axónio estão presentes células gliais que produzem a bainha de mielina- células de Schwann e esta bainha apresenta descontinuidades a que se dá o nome de nódulos de Ranvier. A bainha é formada por camadas duplas de lípidos e proteínas e isola eletricamente o neurónio, aumentando a a velocidade de condução do impulso nervoso.

 

http://www.sistemanervoso.com/

Ao conjunto formado pelos axónios e bainha de mielina, dá-se o nome de fibra nervosa e as fibras reúnem-se em feixes cobertos por tecido conjuntivo e dão origem aos NERVOS. Existem os nervos cranianos com origem no encéfalo e os nervos raquidianos com origem na espinal medula.

 

 

 

COMO SE TRANSMITEM OS IMPULSOS NERVOSOS?

 

A informação que chega de um recetor sensorial até à resposta de um órgão efetor (exemplo músculo), segue uma rede de conexões que desencadeia as ações. Por exemplo: um som que nos causa medo pode provocar-nos várias reações (aumentar a tensão arterial, fugir, tremer por exemplo).

Existem 3 tipos de neurónios: Os neurónios sensitivos que transmitem informações dos recetores sensoriais para os centros nervosos; os neurónios motores que transmitem as ordens dos centros nervosos para os órgãos efetores e os interneurónios que recebem a mensagem dos sensitivos e enviam a mensagem para os motores (localizam-se no encéfalo e na espinal medula).

adaptado de http://www.psicanaliseesaude.com.br/

 

Estímulo----> neurónios sensitivos-----> interneurónios (o SNC interpreta a informação e dá a resposta) -----> neurónios motores-----> órgãos efetores dão a resposta.

 

DESPOLARIZAÇÃO E REPOLARIZAÇÃO  DA MEMBRANA

O influxo nervoso ou impulso nervoso faz-se através de uma corrente elétrica pela membrana plasmática. .

A membrana constituída pela camada fosfolipídica é impermeável aos iões mas apresenta estruturas de origem proteica que tornam possível a passagem aos iões: as bombas que transportam iões contra o gradiente de concentração através do transporte ativo, com consumo de energia e os canais que permitem a passagem de iões a favor do gradiente de concentração (por difusão e quando estão abertos).

http://www.geocities.ws/jcc5001pt/museuelectrofisiologia.html

Junto da membrana celular, existe excesso de iões de sódio, Na+, no meio extracelular  ao neurónio e iões de potássio, K+, no interior do neurónio.

BOMBA SÓDIO - POTÁSSIO - transporta 3 iões sódio para exterior e 2 potássio para o interior. A saída de sódio não é acompanhada pela entrada de potássio na mesma proporção, estabelece-se uma diferença de cargas elétricas entre os meios intra e extracelular: há deficit de cargas positivas dentro da célula e as faces da membrana mantêm-se eletricamente carregadas.

http://www.octopus.furg.br/ensino/anima/atpase/NaKATPase.html

O canal de potássio abre e sai o potássio para o exterior por difusão. (vê a animação seguinte)

 

Os impulsos nervosos  transmitem-se pela membrana plasmática. A permeabilidade seletiva faz com que haja distribuição assimétrica de iões no meio intra e extracelular que origina um potencial elétrico a que se dá o nome de potencial da membrana.

O potencial elétrico é a energia gerada pela diferença de cargas elétricas existentes entre a interior e o exterior da membrana celular.

Como a membrana celular do neurónio em repouso é impermeável ao movimento de iões através de si, existe um potencial elétrico entre o interior e o exterior da célula, de –70 mV, chamado de POTENCIAL DE REPOUSO - diz-se que ocorreu a REPOLARIZAÇÃO DA MEMBRANA (repara na figura acima, no canto inferior esquerdo). O valor negativo do potencial significa que no interior da membrana há uma carga negativa relativamente ao meio extracelular. (Os potenciais

Quando há um estímulo nervoso a permeabilidade da membrana aos iões é alterada, torna-se permeável aos iões, havendo movimento de iões de sódio, Na+, do exterior para o interior do neurónio e de iões de potássio, K+, do interior para o exterior da célula e gera-se um POTENCIAL DE AÇÃO - diz-se que ocorreu a DESPOLARIZAÇÃO DA MEMBRANA o que faz com que haja um inversão rápida de cargas elétricas. Este potencial de ação irá propagar-se ao longo de todo o axónio.

Resumindo: O Impulso elétrico é a propagação da despolarização ao longo do axónio e a formação de novos potenciais e ação através do movimento dos iões que origina cargas elétricas.

frame incorporada de: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/3089/49196_Polarizacao%20e%20despolarizacao%20da%20membrana.swf?sequence=4

 

O movimento de iões atinge um valor máximo, até 30 a 40mV a uma velocidade que pode atingir os 100m/s e depois inverte deslocando-se os iões de potássio, K+, do exterior para o interior e os de sódio, Na+, em sentido oposto.

http://www.geocities.ws/jcc5001pt/museuelectrofisiologia.html

Este movimento de iões através da membrana celular e o consequente potencial de ação, vão-se deslocando ao longo da membrana, o que corresponde à deslocação do impulso nervoso ao longo da célula, sendo depois comunicado a outra células, através das SINAPSES.
 


outra animação http://highered.mcgraw-hill.com/olc/dl/120107/bio_d.swf

Designa-se por sinapse a zona de comunicação entre neurónio - neurónio ou entre neurónio - célula efetora.

O neurónio que leva a informação é o neurónio PRÉ-SINÁPTICO e o que recebe é o PÓS-SINÁPTICO, entre eles existe uma fenda com cerca de 20nm de largura por onde a informação irá passar. O impulso elétrico ao chegar à fenda não consegue passar para o outro neurónio, a informação transforma-se em informação química.  Na extremidade do axónio existem várias vesículas esféricas, as vesículas sinápticas que armazenam os neurotransmissores, substâncias químicas produzidas pelo neurónio e a extremidade do axónio termina numa membrana pré-sináptica.  Quando o potencial de ação atinge a sinapse, as vesículas movem-se para a membrana pré-sináptica e aderem a ela, devido ao ião cálcio que entra pelos canais para a célula,  libertando os neurotransmissores na fenda sináptica por exocitose e que vão, por sua vez, ser recebidos por receptores específicos (proteínas) que se localizam na membrana do neurónio pós-sináptico. Como estas substâncias alteram a permeabilidade da membrana gera-se um potencial de ação e a informação passa.

http://www.rhsmpsychology.com/Handouts/synapse.htm

Animação http://highered.mcgraw-hill.com/olc/dl/120107/bio_c.swf

Assim que o neurotransmissor passa a informação para o recetor, o primeiro vai ser destruído por enzimas ou reabsorvido pelas células pré-sinápticas. Se a sinapse for entre um neurónio e uma célula de um músculo, chama-se sinapses neuromusculares.

 

 A transmissão de informação é um PROCESSO ELETROQUÍMICO.

Como se propaga o impulso numa fibra maleinizada?

Por condução saltatória os potenciais de ação propagam-se de nódulo em nódulo de Ranvier, o que faz com que o impulso seja mais rápido do que nos axónios sem bainha de mielina.

 

Vê a animação  http://www.brainviews.com/abFiles/AniEmdev.htm

 

 

 

Este exemplo ilustra bem de como acontece o impulso nervoso.

Foi retirado do site  http://www.cerebromente.org.br/n10/fundamentos/pot2.htm

frame incorporada de http://www.cerebromente.org.br/n10/fundamentos/pot2.htm

 

Para se ter uma ideia de como acontece o impulso nervoso, observa a figura ao lado. A percepção da dor aguda quando um objeto pontiagudo entra no pé é causada pela formação de certos potenciais de ação em certas fibras nervosas na pele. Acredita-se que a membrana destas fibras possui canais de sódio que se abrem quando o terminal nervoso da célula é esticado. A cadeia inicial de eventos é assim:
1. Objeto pontiagudo entra na pele;
2. A membrana das fibras nervosas na pele é esticada;
3. Os canais permeáveis ao sódio (Na+) abrem-se.


Em virtude do gradiente de concentração e carga negativa do fluido extracelular, os iões entram na fibra através destes canais. A entrada de sódio (em amarelo) despolariza a membrana, isto é, a face da membrana imersa no fluído extracelular das fibras se torna menos negativo em relação ao interior. Se esta despolarização, chamada potencial gerador, alcança o nível crítico, a membrana irá gerar um potencial de ação. O nível crítico de despolarização que deve ser atravessado a fim de desencadear um potencial de ação é chamado limiar. Os potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além do limiar.

A perfuração na pele é transmitida em sinais que viajam para cima em nervos sensoriais. Esta informação chega até a medula espinhal, e é distribuída para interneurónios. Alguns destes neurónios enviam axónios à região sensorial do cérebro onde a sensação dolorosa é registada. Outros fazem sinapse em neurónios motores, os quais enviam sinais descendentes aos músculos. Os comandos motores conduzem a contração muscular e retirada do pé. 

Este é um exemplo de uma cadeia neuronal denominada arco reflexo.

http://www.cerebromente.org.br/n10/fundamentos/pot2.htm

 

 

 

http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso1.asp

http://www.webbiblioteca.com/modulos/fisiopatologia/livros/fisiopatologia_sistema_nervoso.pdf

http://www.colegiovascodagama.pt/ciencias3c/nono/neuro.html