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“Amai-vos uns aos
outros”
João 13,34
Na judeia, província do Império Romano, nasceu (entre 6 e 4
a.C.) o fundador do cristianismo, Jesus de Nazaré. Filho de
Deus, encarnou e morreu para salvar a humanidade.
Acreditemos ou não nestes princípios doutrinários, o
nascimento
do homem, que foi crucificado na colina de Gólgota, é o
marco inicial do nosso calendário.
filme
:
A paixão de Cristo
ficheiro grande
A partir da
sua morte (cerca do ano 30), os seus discípulos separaram-se
para pregar a “Boa Nova”, Evangelho, no Império Romano. A
nova religião, o cristianismo, rapidamente se difundiu por
todo o mundo romano graças à afirmação / valorização da
igualdade intrínseca entre todos os homens, à organização
político-administrativa do Estado e ao uso generalizado do
latim e do grego.
Inicialmente confrontados com a agressiva hostilidade do
povo e do poder imperial, os cristãos viram o seu culto
reconhecido pelo imperador Constantino Magno, no Édito de
Milão de 313 e, em 380, o imperador Teodósio proclamou o
cristianismo religião oficial do Estado (Édito de
Tessalónica).
Além da liberdade religiosa, Constantino dotou os cristãos
de uma estrutura administrativa semelhante à do Estado
romano, alicerçando, assim, a Igreja Cristã.
A constituição da “Igreja Católica (katholikos-universal)
Apostólica (apóstolos)”
foi lançada pelo apóstolo
Pedro, depois da
morte de Cristo, na festa de Pentecostes em 33.
Esta estrutura desenvolveu-se a partir das bases lançadas
pelos próprios
apóstolos, tendo no vértice
de cada comunidade os bispos (episcopus), responsáveis pela
doutrina, auxiliados por prebíteros e diáconos, responsáveis
pelas tarefas administrativas e finanças. Os bispos das
maiores cidades dependem da autoridade de um patriarca
metropolitano, vivendo na capital da província: Alexandria,
Antioquia, Constantinopola, Jerusalém e Roma.
A nova
igreja, rigidamente hierarquizada e administrada,
sistematizou a sua doutrina e converteu-se num Estado dentro
do moribundo Estado Imperial Romano. Quando Odoacro
desmembrou o Império, em 476, a Igreja Católica assumiu o
papel de dirigente espiritual e cultural do Ocidente e
manteve vivo o legado do mundo que desaparecia.
Num mundo politicamente conturbado e agonizante, a Igreja
sentiu a necessidade de um governo central que mantivesse a
congregação dos fiéis de Cristo coesa e forte. Era
necessário que um dos patriarcas das cinco metrópoles
assumisse o governo de toda a cristandade. O patriarca da
metrópole de Roma (fundada pelo apóstolo Pedro) baseou-se na
importância do seu fundador “Tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja” e assumiu a primazia. A Igreja de
Roma afirmou a principalitas sobre as restantes metrópoles e
o seu patriarca ascendeu a
Papa, em 445, com o poder
supremo de governar a Igreja Católica. Esta converteu e
integrou os Germanos invasores do Império Romano e serviu de
base à construção do mundo medieval europeu e, através dele,
do mundo ocidental.
No Oriente,
fortemente moldado pela cultura grega, os Patriarcas de
Constantinopola não aceitaram a primazia de Roma e afirmaram
as tendências separatistas que deram origem ao primeiro
cisma da igreja cristã. A ruptura deu-se em 1054, quando o
papa Leão X e Miguel Cerulário (patriarca de Constantinopola)
se excomungaram mutuamente. A separação entre a Igreja
Romana e a Igreja Ortodoxa (Oriental) manteve-se até à
actualidade.
Ao longo dos seus vinte séculos de história, o peso do poder
espiritual e secular da Igreja variou consoante o
entendimento que deles fazia o papa vigente e em função da
evolução político-económica dos Estados europeus. À
preocupação inicial com a sobrevivência face ao império
romano, seguiu-se a proeminência espiritual e secular do
séc. VII (Gregório I), a libertação do controlo dos
imperadores orientais até ao séc. XI, o envolvimento nos
assuntos seculares (cruzadas, Renascimento) até ao séc. XV,
a preocupação com o ressurgimento espiritual até ao séc.
XVIII, e o regresso às raízes espirituais definidas por
Jesus até ao séc. XXI.
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